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Como os Neurotransmissores influenciam Emoções, Comportamento e Saúde Mental: Um olhar Clínico e Neurocientífico

Artigo Publicado: 07/11/2025
Por Osvaldo Marchesi Junior, Psicólogo | CRP 06/186.890 – Terapia Cognitivo-Comportamental

Como Neurotransmissores moldam Emocoes e Saude Mental - Osvaldo Marchesi Junior - NeuroFlux

Quando o cérebro fala através das emoções

Certa vez, um paciente me disse algo que nunca esqueci: “Doutor, parece que minha mente é um pêndulo — em um dia estou cheio de energia e ideias, e no outro, não consigo levantar da cama.

Essa oscilação emocional não é apenas uma questão de “vontade” ou “personalidade”. Em muitos casos, ela reflete o delicado equilíbrio neuroquímico que sustenta nosso comportamento e nossas emoções.

Ao longo da minha prática clínica, percebo que compreender a linguagem dos neurotransmissores transforma profundamente a forma como as pessoas enxergam seus estados mentais. Quando o paciente entende que dopamina, serotonina, GABA, glutamato e endocanabinoides são mensageiros químicos que influenciam prazer, foco, ansiedade, motivação e calma, ele passa a olhar para suas emoções com menos culpa e mais curiosidade.

Neste artigo, quero apresentar — de forma acessível, mas fundamentada — como os neurotransmissores moldam nosso comportamento e saúde mental, e por que compreender esse funcionamento é essencial tanto para o tratamento psicológico quanto para o autoconhecimento.

Dopamina: O combustível da motivação e da tomada de decisão

A dopamina é muitas vezes chamada de neurotransmissor da recompensa — mas, na verdade, seu papel vai além do prazer momentâneo. Ela está profundamente ligada à motivação, tomada de decisão, foco e aprendizado por reforço.

Na clínica, costumo perceber o impacto da dopamina quando um paciente relata uma dificuldade constante em “sair do zero” — iniciar projetos, manter energia, sentir prazer nas pequenas conquistas. Essa falta de motivação, muitas vezes, tem relação com a disfunção dopaminérgica em regiões como o córtex pré-frontal e o núcleo accumbens.

Quando o prazer vira armadilha

Por outro lado, um excesso de busca por estimulação dopaminérgica também pode gerar desequilíbrios. Jogos, redes sociais, compras impulsivas e uso de substâncias liberam dopamina de forma intensa e rápida, criando um ciclo de recompensa artificial. Com o tempo, o cérebro “aprende” a buscar apenas esses estímulos de alta intensidade — um processo que se assemelha ao que observamos em quadros de dependência.

Insight clínico: Quando um paciente aprende, em terapia, a reconhecer como seu cérebro reage à antecipação do prazer (e não apenas ao prazer em si), ele recupera o senso de controle e reduz a autossabotagem.

Noradrenalina e Adrenalina: Os neurotransmissores da ação e do alerta

Enquanto a dopamina está ligada ao desejo de agir, a noradrenalina e a adrenalina são os mensageiros da resposta ao estresse e à atenção. Elas preparam o corpo para reagir a desafios, aumentando o foco, a frequência cardíaca e o estado de alerta.

Mas esse sistema, quando hiperativado, pode se tornar o terreno fértil da ansiedade. Muitos pacientes descrevem a sensação de “mente acelerada” e “coração disparado” — sintomas que refletem um excesso de ativação adrenérgica.

Na psicoterapia cognitivo-comportamental, trabalhamos para ensinar o paciente a distinguir o alerta saudável (mobilização) do alerta tóxico (hipervigilância). Entender que a noradrenalina não é inimiga, mas um mensageiro que ficou “em volume alto demais”, ajuda a ressignificar sintomas e reduzir a autocrítica.

Serotonina: O equilíbrio silencioso do humor e da regulação emocional

Se a dopamina nos impulsiona a agir, a serotonina nos ensina a desacelerar e sentir contentamento. Ela é responsável pela regulação do humor, sono, apetite e bem-estar geral.

Um desequilíbrio serotonérgico pode gerar quadros de depressão, ansiedade e irritabilidade persistente. Frequentemente, pacientes descrevem a sensação de “não sentir nada”, como se as emoções tivessem perdido cor e textura.

Na prática clínica, quando explico o papel da serotonina, muitos pacientes experimentam um alívio imediato: entender que a falta de prazer não é preguiça, mas uma condição neurobiológica tratável, abre caminho para a autocompaixão e para a adesão ao tratamento.

Como a TCC complementa o equilíbrio serotonérgico

A farmacoterapia atua aumentando a disponibilidade de serotonina nas sinapses, mas a psicoterapia cognitivo-comportamental ajuda a reconstruir os caminhos de prazer e propósito.

Cada pensamento adaptativo e cada pequeno ato de autocuidado funcionam como “estímulos naturais de serotonina” — reforçando padrões de bem-estar sustentáveis.

Sistema Endocanabinoide: Prazer, percepção e tomada de decisão

Descoberto nas últimas décadas, o sistema endocanabinoide é um dos grandes reguladores emocionais do cérebro. Ele atua como um sistema de equilíbrio, modulando a liberação de outros neurotransmissores — especialmente dopamina, GABA e glutamato.

Os principais endocanabinoides, anandamida e 2-AG, são mensageiros naturais produzidos pelo corpo. Eles se ligam aos receptores CB1 e CB2, influenciando prazer, aprendizado, percepção e regulação emocional.

Na vida cotidiana, esse sistema ajuda a “amortecer” respostas emocionais intensas, funcionando como um freio biológico. Quando está desequilibrado, pode contribuir para quadros de ansiedade, impulsividade e alterações cognitivas.

Em pacientes com histórico de trauma, por exemplo, o sistema endocanabinoide tende a funcionar de forma irregular — o que explica por que estímulos neutros podem ser percebidos como ameaçadores.

Reflexão terapêutica: quando o paciente aprende a identificar como o corpo reage antes do pensamento, ele descobre que regular emoções é mais sobre ritmo do que sobre força de vontade.

Sistema Gabaérgico: O freio natural da ansiedade

O GABA (ácido gama-aminobutírico) é o principal neurotransmissor inibitório do sistema nervoso. Sua função é reduzir a atividade neuronal excessiva, proporcionando calma e estabilidade.

Quando há deficiência na atividade gabaérgica, surgem sintomas como tensão muscular, irritabilidade e insônia — características frequentes no Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG).

Em terapia, observo que pacientes com TAG relatam a sensação de “mente que não desliga”. Ao compreender que o cérebro está hiperativo em nível neuroquímico, conseguimos desenvolver estratégias de relaxamento e exposição gradual que restauram o equilíbrio do sistema GABA.

Como o corpo aprende a relaxar

Técnicas de respiração profunda, relaxamento muscular e mindfulness aumentam naturalmente a atividade gabaérgica. Elas não apenas aliviam sintomas, mas ensinam o cérebro a reaprender o estado de calma, integrando corpo e mente no processo terapêutico.

Glutamato e Plasticidade Sináptica: O aprendizado emocional em ação

O glutamato é o neurotransmissor excitatório mais abundante do cérebro e desempenha papel essencial na memória, aprendizado e formação de hábitos.

Sua função é permitir que as conexões entre neurônios se fortaleçam ou se enfraqueçam conforme a experiência — um fenômeno conhecido como plasticidade sináptica.

Essa plasticidade explica, por exemplo, por que certos padrões emocionais são tão difíceis de mudar. Quando um paciente vivencia repetidamente pensamentos de culpa ou medo, as redes neurais associadas se fortalecem.

A terapia cognitivo-comportamental, ao propor novos padrões de pensamento e comportamento, estimula novos circuitos glutamatérgicos, permitindo que o cérebro “aprenda a desaprender”.

Emoções são memórias aprendidas — e o glutamato é o mediador dessa aprendizagem.

Neuropeptídeos e Hormônios: O elo entre mente, corpo e estresse

Os neuropeptídeos são moléculas formadas por cadeias de aminoácidos que atuam tanto como neurotransmissores quanto como neuro-hormônios.

Eles participam de processos como dor, prazer, alimentação, sono, metabolismo e resposta ao estresse.

O Eixo HPA e o Cortisol: Quando o estresse vira estado crônico

O eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA) é responsável por coordenar a resposta fisiológica ao estresse. Em situações de ameaça, o hipotálamo libera CRH, que estimula a hipófise a liberar ACTH, ativando as glândulas adrenais a secretar cortisol.

Em curto prazo, esse sistema é vital — ele nos prepara para agir. Mas quando ativado constantemente, pode causar exaustão emocional, depressão e insônia.

Na prática clínica, costumo trabalhar com pacientes que vivem em “alerta permanente”. Eles não percebem, mas o corpo opera em modo de sobrevivência há anos. Reconhecer essa hiperativação e restabelecer o ritmo de recuperação é um passo crucial no tratamento.

A dança neuroquímica das emoções humanas

Cada emoção que sentimos — alegria, raiva, medo, amor — é o resultado de um diálogo químico entre múltiplos sistemas.

A dopamina nos impulsiona, a serotonina nos equilibra, o GABA nos acalma, o glutamato nos ensina e os endocanabinoides nos ajudam a sentir prazer.

Essas substâncias não são vilãs nem heroínas; são mensageiros que traduzem experiências em reações. Quando conseguimos compreender isso em terapia, o paciente deixa de se definir por seus sintomas e passa a enxergar suas emoções como sinais do corpo — não como falhas morais.

O autoconhecimento, nesse sentido, é também uma forma de autorregulação neuroquímica.

Compreender o cérebro é libertar a mente

Na minha experiência clínica, vejo diariamente que o conhecimento neurocientífico não é apenas técnico — é terapêutico.

Quando o paciente entende que sua ansiedade, sua falta de motivação ou sua tristeza têm raízes em sistemas cerebrais complexos, ele ganha uma nova narrativa: a de alguém que pode aprender a se regular, e não apenas reagir.

A psicoterapia, quando integrada à compreensão do funcionamento cerebral, torna-se um processo de reconexão entre corpo, mente e propósito.

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Perguntas Frequentes sobre Neurotransmissores e Saúde Mental

1. O que são neurotransmissores e qual a sua função principal?

São substâncias químicas que transmitem sinais entre neurônios, permitindo que o cérebro regule emoções, pensamentos e comportamentos.

2. Como a dopamina e a serotonina afetam o humor?

A dopamina está ligada à motivação e prazer, enquanto a serotonina regula bem-estar e equilíbrio emocional. Desequilíbrios nesses sistemas podem causar depressão ou ansiedade.

3. É possível equilibrar neurotransmissores naturalmente?

Sim. Exercícios físicos, sono adequado, alimentação equilibrada e psicoterapia ajudam a regular a atividade neuroquímica.

4. Qual o papel do GABA na ansiedade?

O GABA reduz a excitabilidade neuronal, funcionando como um “freio” natural da mente. Sua deficiência está associada a sintomas de ansiedade generalizada.

5. A psicoterapia pode realmente mudar a química do cérebro?

Sim. Estudos em neurociência mostram que intervenções cognitivas e comportamentais promovem plasticidade sináptica, alterando circuitos neurais relacionados às emoções.

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