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Neurociência da Aprendizagem e Emoções: Como o cérebro aprende, lembra e se transforma

Artigo Publicado: 28/11/2025
Por Osvaldo Marchesi Junior, Psicólogo | CRP 06/186.890 – Terapia Cognitivo-Comportamental

Neurociencia da Aprendizagem e Emocoes - Psicologia - TCC - Osvaldo Marchesi Junior - NeuroFlux

Como psicólogo clínico especializado em Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), sempre repito algo essencial aos meus pacientes: ninguém aprende no vazio.

Aprender exige cérebro, corpo, contexto emocional, sentido pessoal e segurança. Ao longo de muitos anos atendendo adolescentes e adultos, percebi que a maior parte dos bloqueios de aprendizagem não nasce de “falta de inteligência”, mas sim de fatores emocionais e neurobiológicos ignorados por muito tempo.

Lembro de um adolescente que atendi certa vez. Muito inteligente, curioso, mas o rendimento escolar estava despencando. Ele me disse: “Eu estudo, mas nada entra. Parece que meu cérebro trava.” Quando fomos compreender o contexto, identificamos que antes mesmo de abrir o caderno, a amígdala dele — centro emocional — disparava ansiedade antecipatória. O cérebro entrava em estado de ameaça, desligando justamente o córtex pré-frontal, que ele mais precisava para focar.

Esse caso ilustra o que a neurociência vem reforçando há décadas: para aprender, o cérebro precisa primeiro sentir segurança.

Este guia foi produzido com base na neurociência da aprendizagem, elaborado de forma profunda, técnica e ao mesmo tempo acessível, com exemplos reais da minha prática clínica para que o(a) leitor(a) compreenda, na prática, como emoção e cognição caminham juntas.

O que são emoções na neurociência da aprendizagem

As emoções são experiências subjetivas acompanhadas de manifestações fisiológicas, cognitivas e comportamentais observáveis. Elas não são apenas sentimentos passageiros, mas mecanismos adaptativos que orientam decisões, direcionam atenção e modulam o aprendizado.

Quando falo em “aspectos subjetivos” das emoções, estou me referindo a elementos internos como sensações, experiências pessoais e conteúdos conscientes ou inconscientes que nos atravessam. São vivências privadas, difíceis de mensurar, mas profundamente influentes.

Já os “aspectos objetivos” incluem tudo aquilo que podemos observar do lado de fora: expressões faciais, respostas fisiológicas como batimentos acelerados, comportamentos específicos e estados emocionais que transparecem mesmo quando não são verbalizados.

Muitas dificuldades surgem da confusão entre emoção, estresse e humor. Emoção é uma reação rápida do cérebro a estímulos internos ou externos; estresse é um padrão de respostas do organismo diante de demandas que exigem adaptação; humor é um estado emocional prolongado que influencia o pensamento e o comportamento ao longo de horas ou dias. Quando essas distinções não são reconhecidas, as pessoas atribuem seus bloqueios às causas erradas — o que prejudica diretamente o processo de aprender.

Como o cérebro produz emoções e aprendizagem

A aprendizagem é construída pela interação de regiões cerebrais que avaliam o ambiente, processam emoções e organizam estratégias cognitivas.

O sistema límbico desempenha papel central na forma como codificamos experiências emocionais. É ele que nos faz ativar memórias, conectar estímulos e responder com intensidade às situações do dia a dia.

A amígdala, por exemplo, é responsável por disparos emocionais rápidos — especialmente alerta, medo e ansiedade. Em muitos atendimentos, vejo pacientes que “travam” antes de uma prova, apresentação ou tarefa simples. Isso acontece porque a amígdala aprende a associar aquele contexto a perigo, ativando o corpo mesmo quando não há ameaça real.

O hipocampo, por sua vez, funciona como um bibliotecário das memórias, registrando informações que podem ou não estar associadas a emoções. Quanto mais significativo ou emocionalmente marcante for o momento, maior a chance de ele se transformar em uma memória duradoura.

Já o córtex pré-frontal medial é o responsável pela tomada de decisão, planejamento, avaliação de risco e controle emocional. Ele é o centro executivo da nossa mente. Mas quando a amígdala dispara em excesso, o pré-frontal perde seu funcionamento pleno — e é aí que surgem dificuldades como distração, impulsividade, pensamentos confusos ou sensação de incapacidade.

O impacto positivo e negativo das emoções no aprender

As emoções desempenham um papel determinante no aprendizado — tanto como impulsionadoras quanto como bloqueadoras.

As emoções positivas favorecem a aprendizagem porque aumentam a liberação de dopamina, neurotransmissor relacionado ao prazer, à curiosidade e à motivação. Isso facilita a consolidação da memória de longo prazo, aumenta o foco e melhora a flexibilidade cognitiva.

Por outro lado, emoções negativas intensas podem comprometer o desempenho cognitivo. Quando o organismo percebe ameaça ou pressão extrema, o cérebro prioriza a sobrevivência, não a aprendizagem. Nesse estado, funções como planejamento, controle de impulsos, memória de trabalho e foco ficam prejudicadas. Não é a emoção negativa em si o problema, mas a intensidade e a incapacidade de regulação.

Emoções, neurodesenvolvimento e aprendizagem na infância e adolescência

No desenvolvimento infantil, o cérebro está em constante transformação. Há alterações contínuas na substância cinzenta, intenso processo de mielinização e reorganização sináptica. Por isso, diversas funções estão em construção, especialmente no córtex pré-frontal — área responsável por atenção, planejamento, controle emocional, tomada de decisões e inibição comportamental.

Essa imaturidade neurobiológica ajuda a explicar comportamentos comuns na infância e adolescência, como impulsividade, dificuldade de manter o foco, instabilidade emocional e reduzida tolerância à frustração. O cérebro ainda está aprendendo a coordenar emoção e razão.

Emoção e aprendizagem na sala de aula

Segundo Fonseca (2016), muitos alunos não aprendem porque não percebem a conexão íntima entre emoção e cognição. Para que a aprendizagem seja significativa, é preciso que haja envolvimento emocional com o conteúdo.

Criar condições emocionais adequadas é essencial. Quando o aluno se sente seguro, valorizado e emocionalmente acolhido, sua motivação aumenta e o pré-frontal se mantém ativo.

Integração emocional significa relacionar o conteúdo com experiências pessoais, memórias afetivas, interesses, desejos e aspirações. Perguntas como “Como você se vê nesse tema?”, “Por que isso importa na sua vida?” e “Onde isso aparece na sua rotina?” são fundamentais para despertar significado.

A identificação de preferências também é crucial. Alunos aprendem melhor quando percebem utilidade prática no que estudam.

Estratégias de aprendizagem baseadas em neurociência

Fomentar conexões emocionais com o conteúdo é o primeiro passo. Isso pode ser feito por meio de metáforas, exemplos reais, situações-problema ou projetos que mexam com interesses pessoais do estudante.

Outra estratégia é desenvolver posturas cognitivas inteligentes: incentivar perguntas, estimular curiosidade, criar desafios, promover autonomia e permitir que cada aluno desenvolva suas próprias estratégias de estudo.

É essencial também gerenciar o clima emocional da sala ou do ambiente de aprendizagem. Aceitar o erro como parte natural do processo, evitar punições incoerentes, reforçar progressos e permitir participação ativa são elementos que transformam completamente o aprendizado.

Quando o cérebro aprende mal: Alterações e transtornos

Dificuldades de aprendizagem podem surgir por fatores biológicos, sociais ou pela combinação entre ambos. Entre os desafios mais comuns estão labilidade emocional, hiperatividade, impulsividade, desatenção, desorganização, problemas de memória, dificuldades psicomotoras e dificuldades de interação social.

TDAH e a neurociência da aprendizagem

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) está associado a alterações no córtex pré-frontal, no córtex pré-motor e no estriado, além de possíveis diferenças na dopamina e noradrenalina.

Essas alterações explicam dificuldades como manter o foco, erros por descuido, impulsividade, dificuldade de terminar tarefas, respostas precipitadas e perda constante de objetos.

Para melhorar o aprendizado no TDAH, algumas estratégias são particularmente eficazes: criação de ambientes estruturados, estabelecimento de rotinas claras, uso de reforços imediatos, tarefas curtas, diversificação de métodos e orientação calma e objetiva por parte do educador ou terapeuta. Além disso, relacionar o conteúdo com interesses pessoais do indivíduo aumenta significativamente o engajamento.

TEA e a neurociência da aprendizagem

No Transtorno do Espectro Autista (TEA), há alterações neurológicas que afetam comunicação, interação social, flexibilidade cognitiva, memória de trabalho e funções executivas. Observa-se também maior rigidez comportamental e variações sensoriais importantes.

Dificuldades comuns incluem vocabulário restrito, problemas de comunicação, aprendizagem social limitada, comportamentos repetitivos, irritabilidade e desafios significativos em tarefas que exigem simbolismo e abstração.

As estratégias mais eficazes envolvem o uso de parceiros sociais, atividades lúdicas, intervenções de linguagem, aumento das interações sociais, estímulo das funções executivas e ampliação do vocabulário a partir de contextos reais.

O cérebro emocional é o cérebro que aprende

Ao longo da minha prática clínica, percebo que a aprendizagem floresce quando o cérebro encontra segurança, conexão e propósito. A inteligência não desaparece — ela apenas não consegue funcionar sob ameaça ou desregulação.

Se você sente que seu processo de aprendizagem, ou o de alguém da sua família, está sendo prejudicado por estresse, ansiedade, dificuldades de regulação emocional, TDAH, TEA ou qualquer experiência que desorganiza o funcionamento cognitivo, eu posso ajudar.

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Perguntas Frequentes sobre Neurociência da Aprendizagem

1. Como as emoções influenciam a aprendizagem segundo a neurociência?

As emoções modulam atenção, memória, motivação e raciocínio. Emoções positivas facilitam a aprendizagem, enquanto emoções negativas intensas prejudicam funções executivas e dificultam o foco.

2. Por que o estresse atrapalha o aprendizado?

Porque ativa a amígdala e inibe o córtex pré-frontal, área responsável por planejamento, tomada de decisão e memória de trabalho. Isso impede o cérebro de organizar informações.

3. Crianças com TDAH aprendem diferente?

Sim. A desatenção, impulsividade e dificuldades de organização tornam necessário adaptar estratégias, criar rotinas estruturadas e utilizar métodos mais dinâmicos e objetivos.

4. Como o TEA interfere na aprendizagem?

O TEA afeta comunicação, interação social, flexibilidade cognitiva e organização mental. Isso exige abordagens específicas e estruturadas, com apoio emocional e atividades práticas.

5. O que fazer quando alguém não consegue aprender?

É importante investigar fatores emocionais, ambientais, biológicos e cognitivos. Muitas vezes, ansiedade, estresse ou dificuldades de regulação emocional são a verdadeira causa do bloqueio.

Referências Bibliográficas

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders – DSM-5. 5. ed. Washington, DC: APA, 2013.

BECK, Judith S. Terapia Cognitivo-Comportamental: Teoria e Prática. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2013.

BORKOVEC, Thomas D.; ALCAINE, Oscar; BECKER, Elizabeth. Avoidance theory of worry and generalized anxiety disorder. In: HEIMBERG, R. G.; TURK, C.; MENIN, D. (Eds.). Generalized Anxiety Disorder: Advances in Research and Practice. New York: Guilford Press, 2004. p. 77-108.

FONSECA, Rochele P. et al. Avaliação Neuropsicológica das Funções Executivas: Abordagem Multidimensional e Aplicações Clínicas. São Paulo: Memnon, 2016.

GREENBERG, Leslie S. Emotion-focused therapy: the role of emotion in psychotherapy. Journal of Clinical Psychology, v. 58, n. 5, p. 611-623, 2002.

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