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A complexa relação entre Emoção, Cognição e Memória: Implicações no desenvolvimento humano

Artigo Publicado: 03/03/2025

A complexa relacao entre Emocao Cognicao e Memoria - TCC - NeuroFlux

As emoções desempenham um papel fundamental na forma como percebemos, processamos e lembramos das experiências ao longo da vida. A interação entre cognição e emoção influencia a tomada de decisões, a atenção e o armazenamento de memórias, moldando profundamente nosso comportamento e desenvolvimento psicológico. Estudos na área da psicologia cognitiva e neurociência têm demonstrado que as emoções não apenas modulam o que recordamos, mas também afetam a maneira como interpretamos e reagimos às nossas memórias.

Neste artigo, explorarei como as emoções impactam a memória, a atenção e a tomada de decisão, além de discutir estratégias para modulação emocional e seus efeitos no bem-estar e na aprendizagem.

Cognição e Emoção: Uma Interação Dinâmica

A relação entre cognição e emoção pode ser vista como uma engrenagem, onde uma influencia diretamente a outra. Por um lado, a cognição molda nossas emoções, pois a forma como interpretamos os eventos afeta como nos sentimos. Por outro lado, as emoções também moldam nossos processos cognitivos, alterando a forma como nos concentramos, aprendemos e tomamos decisões.

Essa interação é especialmente evidente no impacto das emoções sobre a memória. Memórias emocionalmente marcantes tendem a ser mais vívidas e duradouras do que aquelas sem carga emocional significativa. Isso ocorre porque eventos emocionalmente relevantes ativam mecanismos neurobiológicos específicos, envolvendo estruturas como a amígdala e o hipocampo, que são fundamentais para o processamento e armazenamento das memórias.

Emoção e Memória: O que lembramos e por quê?

Pesquisas indicam que eventos altamente emocionais são melhor lembrados do que aqueles neutros, pois carregam informações cruciais para a sobrevivência. Isso pode ser observado em estudos como o de Bohannon (1988), que analisou a recordação do desastre do vaivém Challenger, e o de Pillemer (1984), que investigou o atentado contra Ronald Reagan. Em ambos os casos, indivíduos que experimentaram emoções intensas mostraram uma retenção maior dos eventos em comparação com aqueles que estavam emocionalmente menos afetados.

Contudo, nem sempre uma forte carga emocional facilita a recordação. Em casos de trauma, a intensidade da emoção pode resultar na fragmentação da memória, levando a fenômenos como a amnésia dissociativa ou o transtorno do estresse pós-traumático (TEPT), no qual a memória do evento traumático se torna persistente e intrusiva.

O estudo de Kleinsmith e Kaplan (1963) demonstra que memórias emocionalmente carregadas podem, inicialmente, ser mais difíceis de acessar, mas tendem a ser mais duradouras com o tempo. Isso reforça a ideia de que a emoção não apenas facilita, mas também regula o armazenamento e a evocação das memórias.

Emoção, Atenção e Tomada de Decisão

A atenção é um fator essencial na interação entre emoção e memória. Estímulos com alta valência emocional recebem prioridade em nossos processos atencionais, pois são mais relevantes para nossa adaptação ao ambiente. Isso explica por que lembramos mais de eventos emocionalmente significativos e por que estímulos emocionais podem interferir em tarefas cognitivas.

O efeito Stroop emocional ilustra essa dinâmica, demonstrando que palavras associadas a emoções demandam mais tempo para serem processadas do que palavras neutras, evidenciando a influência da emoção na alocação de recursos atencionais.

Na tomada de decisão, emoções desempenham um papel crucial. Inicialmente, acreditava-se que as decisões eram guiadas apenas pela lógica (teorias normativas). No entanto, estudos de Daniel Kahneman e Amos Tversky (1979) sugerem que a emoção é um componente fundamental no processo decisório.

A teoria do processamento dual descreve dois sistemas distintos de tomada de decisão:

• Sistema intuitivo: rápido, automático e emocional, predominante em julgamentos instintivos e morais.

• Sistema racional: deliberado, analítico e baseado em regras, exigindo maior esforço cognitivo.

Dilemas morais clássicos, como o problema do bondinho, ilustram a tensão entre esses sistemas. Em decisões mais emocionais (como empurrar alguém para salvar cinco vidas), o sistema intuitivo tende a prevalecer, enquanto em decisões mais racionais (como puxar uma alavanca para desviar o trem), o sistema analítico pode assumir maior controle.

A Regulação das Emoções: Estratégias e Aplicações Práticas

Se as emoções exercem tamanha influência sobre nossas cognições e comportamentos, surge a questão: podemos modificá-las? A resposta é sim, mas com algumas ressalvas.

As emoções podem ser moduladas por meio de estratégias cognitivas, comportamentais e sensoriais. Algumas dessas estratégias incluem:

• Reavaliação cognitiva: mudar a interpretação de uma situação para modificar a resposta emocional associada.

• Foco na atenção: direcionar a atenção para aspectos positivos de um evento em vez dos negativos.

• Regulação comportamental: práticas como exercícios físicos, meditação e atividades prazerosas ajudam a equilibrar as emoções.

A desregulação emocional pode resultar em dificuldades de enfrentamento e uso de estratégias não adaptativas, como abuso de substâncias ou evitação extrema. A regulação emocional eficaz envolve encontrar um equilíbrio entre expressar emoções e modulá-las de maneira funcional.

A interação entre emoção, cognição e memória é complexa e fundamental para o desenvolvimento humano. Emoções influenciam o que lembramos, como tomamos decisões e de que forma direcionamos nossa atenção. A capacidade de regular emoções é essencial para o bem-estar e a adaptação social, sendo um aspecto chave para intervenções em saúde mental e aprendizagem.

Dado que as emoções são tanto experiências subjetivas quanto ferramentas mediadoras da cognição, compreender e aplicar estratégias eficazes para modulá-las pode melhorar significativamente a qualidade de vida e o funcionamento psicológico das pessoas. Assim, a educação emocional e o desenvolvimento de habilidades regulatórias devem ser incentivados em todas as fases da vida.

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