O Transtorno de Acumulação é uma condição psicológica reconhecida pelo DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) que se caracteriza pela dificuldade persistente de descartar objetos, levando a um acúmulo excessivo e desorganizado de itens. Esse comportamento pode gerar graves prejuízos emocionais, sociais e ocupacionais.
Neste artigo, você entenderá em detalhes os critérios diagnósticos do Transtorno de Acumulação, as principais diferenças em relação ao colecionismo saudável, sua relação com o Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC), além de informações sobre tratamentos baseados em evidências. Se você ou alguém que conhece enfrenta esse problema, saiba que a psicoterapia especializada pode ser fundamental.
O que é o Transtorno de Acumulação?
O Transtorno de Acumulação é caracterizado pela dificuldade extrema em descartar objetos, independentemente de seu valor real ou utilidade, resultando na congestão dos espaços vitais e, muitas vezes, em condições insalubres. Esse transtorno foi oficialmente reconhecido como um diagnóstico independente no DSM-5, diferindo significativamente do Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC), embora possam coexistir.
Critérios Diagnósticos do Transtorno de Acumulação – DSM-5
De acordo com o DSM-5, os critérios para o diagnóstico do Transtorno de Acumulação incluem:
• Dificuldade persistente de descartar ou se desfazer de pertences, independentemente do seu valor real.
• Necessidade percebida de guardar os itens e sofrimento associado ao descarte.
• A dificuldade resulta na acumulação que congestiona e obstrui áreas de uso funcional, comprometendo o uso pretendido.
• A acumulação causa sofrimento significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes.
• O comportamento não se deve a outra condição médica (por exemplo, lesões cerebrais, demência).
• O comportamento não é mais bem explicado pelos sintomas de outros transtornos mentais (como TOC, esquizofrenia ou transtornos depressivos).
Além disso, é importante especificar se o indivíduo apresenta aquisição excessiva e qual o nível de insight sobre o problema (bom/razoável, pobre ou ausente com crenças delirantes).
Como identificar o comportamento acumulador?
Indivíduos com Transtorno de Acumulação frequentemente acumulam itens que a maioria das pessoas considera sem utilidade, como papéis antigos, roupas velhas ou objetos quebrados. Esse acúmulo é sustentado por um forte apego emocional aos objetos e uma extrema dificuldade em descartá-los. Entre os comportamentos típicos, destacam-se:
• Compulsão por guardar objetos.
• Armazenagem excessiva de alimentos.
• Acúmulo de animais (animal hoarding).
• Acúmulo de lixo eletrônico e outros itens.
Diferença entre Transtorno de Acumulação e Colecionismo Normal
Enquanto o colecionismo é uma atividade organizada, prazerosa e socialmente aceita, o Transtorno de Acumulação é marcado pela falta de controle, sofrimento e prejuízo funcional.
No colecionismo normal, os objetos são ligados por um tema coeso, com uma gama restrita de categorias. O processo de aquisição é estruturado, com planejamento e organização dos itens coletados. A aquisição excessiva é possível, mas incomum, e os itens são adquiridos principalmente por compra. O nível de organização é alto, com os cômodos funcionais e os objetos organizados ou exibidos de forma ordenada. O sofrimento é raro, e o prejuízo social e ocupacional é mínimo.
Por outro lado, no Transtorno de Acumulação, os objetos não possuem um tema coeso, e a acumulação contém uma grande variedade de categorias diferentes. O processo de aquisição é não estruturado, com ausência de planejamento e organização. A aquisição excessiva é muito comum, com mais de 80% dos itens comprados ou coletados. O nível de organização é baixo, comprometendo a funcionalidade dos cômodos. O sofrimento é necessário para o diagnóstico, frequentemente decorrente da desordem excessiva, descarte forçado ou incapacidade de adquirir. O prejuízo social é frequentemente grave, com baixas taxas de casamento, altos índices de conflitos nos relacionamentos e isolamento social. O prejuízo ocupacional é comum, aumentando com a gravidade do acúmulo.
Colecionismo ao longo da vida: Por que não é patológico?
Estima-se que mais de 50% das crianças possuam alguma forma de coleção, frequentemente mantida até a vida adulta. Porém, o colecionismo saudável tende a diminuir com a idade, enquanto o comportamento acumulador, ao contrário, tende a se agravar com o passar dos anos, especialmente sem intervenção.
Diferenças entre Transtorno de Acumulação e Acumulação no TOC
Embora possam parecer semelhantes, o Transtorno de Acumulação e o comportamento de acumular relacionado ao Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) são distintos.
No Transtorno de Acumulação, o comportamento de acumular não está relacionado a obsessões e compulsões. O comportamento de verificação associado é raro e leve, e não há obsessões ou compulsões mentais relacionadas à acumulação. Os pensamentos de acumulação são geralmente egossintônicos, ou seja, associados a sentimentos agradáveis de segurança. Não há presença de outros sintomas obsessivos-compulsivos além da acumulação. O sofrimento decorre do entulhamento, e a principal razão para acumular é o valor intrínseco ou sentimental dos objetos. Os itens acumulados são comuns, como roupas velhas, revistas, CDs, cartas, canetas, contas, jornais, etc. A aquisição excessiva é usualmente presente, e o insight é frequentemente pobre ou ausente. O curso do comportamento acumulador tende a aumentar em gravidade à medida que a pessoa envelhece, e a gravidade e interferência global são usualmente moderadas.
Em contraste, na Acumulação com TOC, o comportamento de acumular é impulsionado principalmente por obsessões prototípicas ou é resultado da evitação persistente de compulsões onerosas. O comportamento de verificação é frequente e grave, e há obsessões relacionadas à acumulação, como consequências catastróficas ou pensamento mágico. Compulsões mentais relacionadas à acumulação estão presentes. Os pensamentos são geralmente egodistônicos, ou seja, intrusivos ou indesejados. Há presença de outros sintomas obsessivos-compulsivos além da acumulação. O sofrimento provém da intrusão, e a principal razão para acumular está relacionada a outros temas obsessivos. Os itens acumulados podem incluir itens bizarros, como fezes, urina, unhas, cabelos, fraldas usadas, comida estragada, etc. A aquisição excessiva é usualmente ausente, e o insight é geralmente bom, embora possa haver insight pobre. O curso do comportamento não aumenta em gravidade à medida que a pessoa envelhece, e a gravidade e interferência global são usualmente graves.
Tratamento do Transtorno de Acumulação
O tratamento mais eficaz para o Transtorno de Acumulação é a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), com foco em:
• Modificação de crenças disfuncionais sobre o valor dos objetos.
• Treinamento em habilidades de organização.
• Desenvolvimento de estratégias de enfrentamento para o descarte.
• Redução da evitação e melhora do funcionamento social.
Em alguns casos, a farmacoterapia com inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) pode ser indicada, principalmente quando há comorbidades como depressão ou ansiedade.
Quando procurar ajuda psicológica para o Transtorno de Acumulação?
Se você percebe que o acúmulo está comprometendo seu bem-estar, causando sofrimento emocional, isolamento social ou prejudicando sua vida profissional, é fundamental buscar o apoio de um psicólogo especializado em Transtornos do Espectro Obsessivo-Compulsivo, incluindo o Transtorno de Acumulação.
O Transtorno de Acumulação é uma condição séria que, sem tratamento, tende a se agravar com o tempo, afetando negativamente a qualidade de vida. A Terapia Cognitivo-Comportamental oferece ferramentas eficazes para o manejo e a superação desse transtorno.
Agende uma sessão com um psicólogo especializado e inicie um processo de transformação, promovendo maior bem-estar e qualidade de vida. Seu espaço físico e emocional merecem cuidado!
Perguntas Frequentes sobre Transtorno de Acumulação (TCC)
1. O Transtorno de Acumulação é o mesmo que TOC?
Não. Embora ambos possam envolver o acúmulo de objetos, no TOC o comportamento está associado a obsessões e compulsões, enquanto no Transtorno de Acumulação não há essa relação direta.
2. Todo colecionador é um acumulador patológico?
Não. O colecionismo saudável é organizado, tem foco específico e não causa sofrimento ou prejuízo funcional.
3. O Transtorno de Acumulação pode piorar com o tempo?
Sim. Geralmente, a gravidade do acúmulo aumenta com a idade, especialmente sem tratamento adequado.
4. Quais são os tratamentos indicados para o Transtorno de Acumulação?
A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é a abordagem mais recomendada, podendo ser associada a medicação em alguns casos.
5. Como saber se preciso de ajuda profissional para o Transtorno de Acumulação?
Se o acúmulo está afetando negativamente suas relações, trabalho ou bem-estar, é importante buscar orientação de um psicólogo especializado.
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DR. OSVALDO MARCHESI JUNIOR
Psicólogo em São Paulo - CRP - 06/186.890
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