PUBLICAÇÕES NEUROFLUX

Efeito Placebo e Nocebo na Psicologia: Como a Mente transforma Corpo, Emoções e Tratamentos

Artigo Publicado: 11/11/2025
Por Osvaldo Marchesi Junior, Psicólogo | CRP 06/186.890 – Terapia Cognitivo-Comportamental

Efeito Placebo e Nocebo na Psicologia - TCC - Psicólogo Osvaldo Marchesi Junior - NeuroFlux

Durante minha prática clínica, testemunhei algo que a ciência só recentemente começou a compreender com profundidade: a força real das expectativas sobre o corpo e as emoções.

Pacientes que acreditavam na eficácia do tratamento — mesmo antes de qualquer técnica específica — frequentemente apresentavam melhora perceptível.

Por outro lado, aqueles tomados por medo ou descrença frequentemente experimentavam piora nos sintomas, mesmo diante de boas intervenções.

Esses fenômenos ilustram o poder de dois mecanismos fascinantes: o efeito placebo e o efeito nocebo. Ambos mostram como a mente influencia diretamente o corpo, o comportamento e até a resposta terapêutica — e como o psicólogo pode utilizar esse conhecimento de forma ética e transformadora.

O que são os Efeitos Placebo e Nocebo na Psicologia?

O efeito placebo ocorre quando expectativas positivas geram melhoras reais em sintomas físicos ou emocionais, mesmo sem uma causa fisiológica direta.

Já o efeito nocebo é o oposto: expectativas negativas provocam piora, desconforto ou até sintomas novos, sem causa médica concreta.

Esses fenômenos não são “ilusão” — são respostas psicofisiológicas reais, mediadas por redes neurais que ligam emoção, crença, expectativa e corpo.

Pesquisas em neurociência mostram que o placebo ativa circuitos relacionados à dopamina, endorfinas e córtex pré-frontal, enquanto o nocebo aumenta a liberação de cortisol e a ativação da amígdala, associada ao medo.

Resumindo, o efeito placebo é uma resposta positiva provocada por expectativas favoráveis; o nocebo é uma resposta negativa causada por expectativas de dano ou fracasso.

A Neurociência do Placebo e do Nocebo

As reações placebo e nocebo são fenômenos psicofisiológicos complexos, não apenas crenças subjetivas.

Estudos de neuroimagem revelam que o placebo reduz a atividade em regiões cerebrais da dor (como o cíngulo anterior e a ínsula), enquanto o nocebo aumenta essa atividade, intensificando o sofrimento.

Em linguagem simples: a expectativa molda a experiência.

Quando acreditamos que algo pode nos ajudar, o cérebro libera substâncias que modulam a dor, o humor e o sistema imune.

Mas quando antecipamos o pior, o cérebro prepara o corpo para o perigo — aumentando tensão muscular, frequência cardíaca e vigilância corporal.

Em minha prática, vejo isso com clareza em casos de transtornos de ansiedade e sintomas psicossomáticos: a simples crença de que “algo ruim vai acontecer” ativa o corpo como se o perigo já estivesse presente.

Expectativa, emoção e corpo: O círculo da autossugestão

A mente interpreta sinais corporais a partir do que espera encontrar.

Quando alguém acredita estar relaxado, o corpo tende a liberar sinais de relaxamento.

Quando acredita estar em risco, cada palpitação vira uma “prova de perigo”.

Essa relação mente-corpo cria um ciclo de autossugestão.

Em casos de efeito placebo, esse ciclo atua a favor da saúde.

Em casos de efeito nocebo, atua contra — transformando ansiedade em sintomas reais, como dores, fadiga ou palpitações.

Insight clínico: Certa vez, uma paciente que sofria de dores difusas acreditava que havia algo “grave e invisível” em seu corpo. Após compreender o ciclo entre expectativa e sensação física, a dor reduziu drasticamente. Nenhum remédio mudou — apenas sua crença.

O Papel das Crenças e da Relação Terapêutica

A relação terapêutica é o campo onde o efeito placebo e nocebo se expressam com mais força.

Em Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), chamamos isso de fator de esperança — a expectativa positiva de que a mudança é possível.

Quando o paciente confia no terapeuta, sente-se compreendido e acredita que as técnicas terão resultado, o cérebro responde de modo congruente: há maior liberação de dopamina e redução do estresse.

Essa aliança terapêutica torna-se, literalmente, um agente neurobiológico de cura.

Da mesma forma, atitudes frias ou linguagem negativa podem gerar efeito nocebo psicológico.

Se o paciente interpreta que “nada vai funcionar”, sua resposta emocional e comportamental tende a reproduzir essa crença — bloqueando o progresso.

Em TCC, sempre explico ao paciente que acreditar no processo não é ingenuidade, é ativar redes cerebrais de mudança.

O Efeito Placebo na Psicoterapia e na TCC

O placebo não se restringe a pílulas. Ele se manifesta em qualquer contexto de tratamento, inclusive na psicoterapia.

Em TCC, vários componentes potencializam esse efeito:

• Explicações racionais e claras (psicoeducação).

• Técnicas que reforçam a sensação de controle (reestruturação cognitiva).

• Experimentos comportamentais que confirmam novas crenças.

• Relação terapêutica de confiança e empatia.

Esses fatores elevam o chamado “fator placebo aberto”, em que o paciente sabe que o processo depende de sua participação ativa — e ainda assim obtém benefícios neuropsicológicos concretos.

Exemplo prático:Em casos de fobia social, quando o paciente acredita na eficácia da exposição gradual, a ansiedade tende a diminuir mais rapidamente. A expectativa positiva modula o sistema nervoso, favorecendo a dessensibilização.

O Efeito Nocebo na Psicologia: Quando a Mente sabota o Corpo

O efeito nocebo surge quando a pessoa antecipa o fracasso ou teme intensamente o sofrimento.

Essa expectativa negativa ativa circuitos cerebrais semelhantes aos do trauma — amígdala, ínsula e hipotálamo — e gera sintomas reais, como taquicardia, sudorese ou dor.

Pacientes ansiosos frequentemente dizem:

Se eu pensar que vai dar errado, é porque vai mesmo.

E de certa forma, estão certos — não por profecia mística, mas por autossugestão fisiológica.

Um exemplo clínico:Certa vez, um paciente com histórico de pânico temia que qualquer sensação corporal fosse o início de uma crise. Ao sentir uma leve palpitação, sua mente disparava interpretações catastróficas (‘estou infartando’). O medo intensificava os sintomas — até que a sensação se tornava real. Esse é o efeito nocebo em ação.

Crenças Disfuncionais e Expectativa Negativa

Na TCC, sabemos que crenças centrais disfuncionais — como “sou fraco”, “não tenho controle”, “sempre vai dar errado” — alimentam respostas emocionais negativas e reforçam o efeito nocebo.

Essas crenças criam um viés de confirmação: a pessoa enxerga evidências que sustentam sua visão pessimista e ignora sinais positivos.

A reestruturação cognitiva busca justamente quebrar esse ciclo, ajudando o paciente a testar hipóteses e gerar novas experiências corretivas, que reprogramam a expectativa emocional.

Quando um paciente percebe que consegue enfrentar algo sem catástrofe, sua mente reconfigura a expectativa — e o corpo segue essa mudança.

Como reduzir o Efeito Nocebo e potencializar o Placebo

Na prática psicológica, existem estratégias eficazes para neutralizar o nocebo e amplificar o placebo terapêutico:

1. Comunicação terapêutica positiva

Usar linguagem construtiva e baseada em esperança aumenta a adesão e reduz a ansiedade antecipatória.

2. Psicoeducação sobre a resposta mente-corpo

Explicar como pensamentos e emoções afetam o corpo empodera o paciente e diminui o medo de sintomas físicos.

3. Reestruturação cognitiva

Identificar e desafiar interpretações negativas (como “vou piorar”) ajuda a reduzir o viés nocebo.

4. Validação emocional e acolhimento

Validar o sofrimento não é reforçar o medo — é mostrar que ele pode ser compreendido e transformado.

5. Experimentos comportamentais

Ajudar o paciente a testar crenças e observar que o corpo responde positivamente à segurança subjetiva.

Quando explico que a ansiedade é um mecanismo protetor — não uma ameaça —, o paciente tende a sentir menos medo dos próprios sintomas. Essa simples mudança de percepção bloqueia o ciclo nocebo.

Considerações Éticas: O uso do Placebo na Psicologia

É importante destacar que o placebo não deve ser usado como engano.

Na psicologia, trabalhamos com transparência e consciência, fortalecendo a autonomia do paciente.

O conceito de placebo aberto vem sendo amplamente estudado: mesmo quando o paciente sabe que não há um agente ativo, a melhora ocorre — pois a expectativa positiva e o significado atribuído ao tratamento são os verdadeiros mediadores.

O papel do psicólogo não é enganar, mas ativar os recursos internos de cura que o próprio paciente já possui.

Aplicações Clínicas do Placebo e Nocebo na Saúde Mental

Esses fenômenos têm implicações diretas em várias condições psicológicas:

• Depressão: expectativas de melhora aceleram o efeito terapêutico; expectativas negativas reduzem a resposta ao tratamento.

• Ansiedade: o medo do sintoma aumenta o sintoma (nocebo); o enfrentamento guiado o reduz (placebo).

• Dor crônica: crenças sobre controle e significado modulam o nível de dor percebida.

• Psicossomáticas: quanto maior o medo, maior a amplificação sensorial.

Na clínica, vejo que quando o paciente entende o que acontece com ele, seu corpo responde com alívio. Informação é, em si, um poderoso placebo psicológico.

A Mente como principal ferramenta de Cura

O efeito placebo e o efeito nocebo revelam algo essencial: a mente não é espectadora — é participante ativa da saúde e da doença.

Compreender esses fenômenos é empoderador.

Permite reconhecer que cada pensamento, emoção e expectativa molda não só a experiência subjetiva, mas também o corpo físico e a resposta terapêutica.

Em última instância, acreditar na mudança é o primeiro passo para realizá-la.

E a psicoterapia é o espaço seguro onde essa transformação pode começar — com ciência, consciência e humanidade.

Um convite à transformação

Se você sente que suas emoções afetam seu corpo, ou que sintomas físicos intensificam sua ansiedade, talvez seja hora de compreender o que sua mente está tentando comunicar.

A psicoterapia pode te ajudar a reconhecer e reprogramar esses padrões — substituindo medo por autoconfiança, tensão por clareza e dúvida por autocontrole.

Agende uma sessão de avaliação psicológica online e descubra como reequilibrar corpo e mente com base na Terapia Cognitivo-Comportamental.

Perguntas Frequentes sobre Efeito Placebo e Efeito Nocebo

1. O que é o efeito placebo na psicologia?

É a melhora real em sintomas físicos ou emocionais causada por expectativas positivas, mesmo sem intervenção fisiológica direta.

2. O que significa efeito nocebo?

É o oposto do placebo: ocorre quando crenças negativas provocam piora dos sintomas, ainda que não haja causa médica.

3. O efeito placebo pode ocorrer na psicoterapia?

Sim. A confiança no terapeuta, na técnica e na possibilidade de melhora potencializa o resultado terapêutico.

4. Como evitar o efeito nocebo durante o tratamento psicológico?

Por meio da psicoeducação, da reformulação de crenças e do fortalecimento da percepção de controle sobre emoções e sintomas.

5. O placebo é considerado engano na psicologia?

Não. O conceito moderno de placebo aberto mostra que a melhora pode ocorrer mesmo com total transparência, graças à neuroplasticidade e ao poder da expectativa.

Referências Bibliográficas

Benedetti, F. (2014). Placebo effects: Understanding the mechanisms in health and disease (2nd ed.). Oxford University Press.

Benedetti, F., Carlino, E., & Pollo, A. (2011). How placebos change the patient’s brain. Neuropsychopharmacology, 36(1), 339–354. https://doi.org/10.1038/npp.2010.81

Colloca, L., & Barsky, A. J. (2020). Placebo and nocebo effects. New England Journal of Medicine, 382(6), 554–561.

Kirsch, I. (2019). The Emperor’s New Drugs: Exploding the Antidepressant Myth (Rev. ed.). Basic Books.

Price, D. D., Finniss, D. G., & Benedetti, F. (2008). A comprehensive review of the placebo effect: Recent advances and current thought. Annual Review of Psychology, 59, 565–590.

Stewart-Williams, S., & Podd, J. (2004). The placebo effect: Dissolving the expectancy versus conditioning debate. Psychological Bulletin, 130(2), 324–340.

Wager, T. D., & Atlas, L. Y. (2015). The neuroscience of placebo effects: Connecting context, learning, and health. Nature Reviews Neuroscience, 16(7), 403–418.

eBook TCC sem Misterio - Osvaldo Marchesi Junior

Baixe grátis o eBook Terapia Cognitivo-Comportamental sem Mistério

Entender sua mente é o primeiro passo para mudar sua vida. Veja como a TCC pode ajudar você a transformar sua forma de viver.

CLIQUE AQUI PARA BAIXAR O LIVRO

SENTE QUE PREOCUPAÇÕES E QUESTÕES EMOCIONAIS ESTÃO TOMANDO CONTA DA SUA VIDA?

ALGUMAS DORES NÃO CICATRIZAM SOZINHAS. IGNORAR ESSES SINAIS PODE TORNAR TUDO MAIS DIFÍCIL.
A boa notícia é que você não precisa passar por isso, sem apoio especializado.
A Psicoterapia pode ajudá-lo a entender suas emoções, encontrar clareza e construir um caminho mais leve e equilibrado.

Psicólogo - Dr. Osvaldo Marchesi Junior - CRP - 06/186.890 - NeuroFlux Psicologia Direcionada

DR. OSVALDO MARCHESI JUNIOR
Psicólogo em São Paulo - CRP - 06/186.890

Atendimentos Psicológicos On-line e Presenciais para pacientes no Brasil e no exterior.

Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) e Hipnoterapia.

Whatsapp: +55 11 96628-5460

SAIBA MAIS

ENDEREÇO

Zona Sul - Aclimação
São Paulo - SP


CONTATO

Tel / WhatsApp:
+55 (11) 96628-5460
E-mail:
contato@neuroflux.com.br

HORÁRIOS
Segunda à Sexta - 9 às 20h
Sábado - 9 às 19h
(Fuso-Horário de Brasília)


Dr. Osvaldo Marchesi Junior
Psicólogo - CRP - 06/186.890

Hipnoterapeuta

WhatsApp