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Transtorno do Estresse Pós-Traumático (TEPT): Causas, sintomas, impacto e tratamento

Artigo Publicado: 29/08/2024

Transtornos relacionados a traumas - Transtorno do Estresse Pos-Traumatico (TEPT) - TCC - NeuroFlux

O que é estresse, estressor e estresse pós-traumático?

O estresse é, de forma geral, uma resposta não específica do corpo diante de qualquer demanda. Já o estressor é o agente causador dessa resposta, podendo ser um evento, contexto ou situação.

Embora o estresse seja uma resposta adaptativa, que evoluiu para aumentar nossas chances de sobrevivência, quando se torna crônico pode provocar adoecimento. As respostas clássicas ao estresse incluem: luta, fuga ou congelamento — estratégias extremamente úteis diante de estressores agudos, mas prejudiciais frente a estressores crônicos.

Na atualidade, muitos de nós vivemos sob estresse crônico, como o medo constante da violência urbana. Esse estado de alerta permanente cobra um alto preço do organismo, gerando disfunções que afetam diversos sistemas do corpo humano.

Estresse: quando é positivo e quando se torna patológico?

Algum grau de adversidade é necessário ao desenvolvimento humano. Por exemplo, crianças expostas moderadamente a desafios aprendem a desenvolver mecanismos de resiliência: “um mar calmo nunca fez um bom marinheiro”.

Contudo, o estresse negativo ocorre quando as demandas ambientais superam os recursos internos e externos que possuímos, sendo percebidas como ameaças. Já o estresse positivo surge quando esses recursos são suficientes, e o evento é visto como um desafio a ser superado.

O que é o Transtorno do Estresse Pós-Traumático (TEPT)?

O TEPT é uma condição que surge após a exposição a um evento estressor potencialmente traumático, resultando em sofrimento intenso e prejuízo significativo na vida do indivíduo.

Quais eventos podem causar TEPT?

Cerca de metade dos eventos traumáticos mais comuns se agrupam em cinco categorias:

1. Testemunhar a morte ou ferimentos graves.
2. Experienciar a morte inesperada de um ente querido.
3. Ser assaltado ou atacado.
4. Sofrer um acidente automobilístico com risco de vida.
5. Enfrentar uma doença ou lesão grave e com risco de morte.

Eventos envolvendo violência interpessoal (agressão, violência sexual, sequestro, tortura) apresentam maior risco de desencadear TEPT, comparados a eventos não intencionais, como desastres naturais.

Além disso, quanto mais eventos traumáticos ao longo da vida, maior o risco e a precocidade do desenvolvimento do transtorno, com consequentes prejuízos sociais e ocupacionais.

Estatísticas sobre a exposição a traumas

Segundo pesquisa da Organização Mundial da Saúde (OMS), com mais de 70 mil participantes em 24 países:

• 70% das pessoas foram expostas a pelo menos um evento traumático ao longo da vida.
• A média é de 3,2 eventos traumáticos por pessoa.

O impacto neurobiológico do trauma

A exposição a traumas afeta profundamente a neurobiologia, reprogramando o cérebro e sistemas corporais para lidar com ameaças constantes. Essas alterações geram disfunções cognitivas, comportamentais e emocionais.

Em nível profundo, o trauma modifica até mesmo a expressão genética e o neurodesenvolvimento, afetando não apenas o sistema nervoso, mas também os sistemas cardiovascular, digestivo, imunológico e reprodutivo.

A importância da infância

Devido à enorme plasticidade cerebral na infância, maus-tratos precoces deixam sequelas profundas e duradouras, caso não sejam tratados adequadamente.

Por exemplo, estudos mostram que crianças expostas a maus-tratos apresentam, em média, uma diferença de até 20 pontos no QI quando comparadas a crianças não expostas, mas de mesma condição socioeconômica. Esses danos afetam funções cognitivas como:

• Planejamento
• Memória de trabalho
• Controle inibitório
• Tomada de decisão

Na vida adulta, pessoas traumatizadas na infância também sofrem prejuízos em memória episódica, atenção e funções executivas.

Além disso, o trauma pode provocar alterações estruturais, como a redução do volume do hipocampo, região fundamental para a memória e o processamento emocional.

Por que a avaliação de traumas é fundamental na clínica psicológica?

Grande parte do tratamento envolve lidar com as alterações cognitivas e comportamentais associadas ao trauma, como:

• Dificuldades de memória, especialmente a memória verbal.
• Alterações no controle de impulsos.
• Dificuldade no processamento emocional — reconhecer e regular emoções.

Como a psicoterapia tradicional ocorre predominantemente pela fala, prejuízos na memória verbal podem impactar negativamente o sucesso terapêutico, exigindo intervenções mais comportamentais e adaptadas.

Nem todo trauma gera TEPT: quem está mais vulnerável?

Embora a maioria das pessoas se recupere naturalmente após eventos traumáticos, algumas desenvolvem TEPT devido a fatores de risco que aumentam sua vulnerabilidade, tais como:

• Predisposições genéticas
• Fatores psicológicos e emocionais
• Baixo apoio social
• Histórico prévio de transtornos mentais

Reações imediatas ao trauma: o que é esperado?

Logo após o trauma, muitos indivíduos experienciam reações emocionais (medo, raiva, culpa, vergonha) e cognitivas (confusão, desorientação, dificuldade de concentração). Normalmente, essas reações:

• Reduzem significativamente após 3 dias.
• Tornam-se residuais ou desaparecem até 1 mês.

Em casos onde isso não ocorre, e os sintomas persistem ou se intensificam, há risco de desenvolvimento do Transtorno de Estresse Pós-Traumático.

Primeiros socorros psicológicos: Intervenção precoce

Uma das intervenções imediatas recomendadas é a aplicação dos Primeiros Socorros Psicológicos (PSP), que visam:

• Oferecer apoio emocional.
• Reconectar a vítima a seu grupo de apoio (família, amigos, colegas).
• Minimizar o risco de evolução negativa.

Quando se preocupar? Fatores de risco para evolução negativa:

• Ideação suicida
• Abuso de substâncias
• Comportamento agressivo
• Sintomas psicóticos
• Dissociação
• Histórico prévio de transtornos mentais
• Falta de apoio social

Nestes casos, recomenda-se não apenas PSP, mas também monitoramento psicoterapêutico e/ou farmacológico.

Fatores de resiliência: por que algumas pessoas superam traumas?

A resposta ao trauma também depende de fatores que promovem resiliência, como:

• Otimismo e emoções positivas
• Estratégias de enfrentamento ativas
• Reavaliação cognitiva
• Altruísmo
• Rede de apoio social
• Atribuição de sentido à experiência

Sinais e sintomas comuns do TEPT

Reações físicas

• Tensão muscular
• Fadiga
• Insônia
• Reação de sobressalto
• Náusea
• Perda de apetite
• Alterações no desejo sexual
• Taquicardia

Reações interpessoais

• Irritabilidade
• Isolamento social
• Desconfiança
• Sentimentos de rejeição
• Necessidade de controle excessivo

Além disso, indivíduos com TEPT possuem maior risco de desenvolver doenças cardiovasculares, metabólicas, músculo-esqueléticas, além de queixas gastrointestinais, cardiorrespiratórias e sintomas de dor crônica.

TEPT: impacto na saúde pública e na economia

O TEPT representa uma carga econômica expressiva. Em 2018, o custo total estimado do transtorno nos Estados Unidos foi de US$ 232 bilhões, ficando atrás apenas da depressão maior em termos de impacto financeiro.

Prevalência do TEPT

• Risco ao longo da vida: 8,7%
• Prevalência anual: 3,7%

O curso do Transtorno de Estresse Pós-Traumático

Indivíduos resilientes se recuperam mais rapidamente, discriminando melhor os estímulos traumáticos e extinguindo a memória associada ao trauma.

Contudo, no TEPT, há:

• Superaprendizagem do medo.
• Dificuldade de extinção da memória traumática.
• Aumento da sensibilidade ao estresse.

Grande parte da psicoterapia para TEPT se concentra justamente na extinção dessa memória traumática.

Estratégias disfuncionais que agravam o quadro:

• Evitar pensar no trauma.
• Manter-se ocupado o tempo todo.
• Tentar controlar rigidamente os sentimentos.
• Abusar de álcool e drogas.

Comorbidades associadas ao TEPT

As comorbidades mais comuns incluem:

• Abuso de substâncias: 43%
Depressão maior: 15% a 53%
• Transtorno bipolar: 16%
• Agorafobia: 22%
• Transtorno de ansiedade generalizada: 7,5% a 76%
• TOC: 8% a 37%
• Fobia social: 8% a 21%
• Fobia específica: até 29%

Em média, 83% das pessoas com TEPT também possuem outro diagnóstico psiquiátrico.

Homens com TEPT têm até 10,4 vezes mais chances de desenvolver quadros de mania e 6,9 vezes mais chances de depressão. Mulheres são 4,1 vezes mais propensas a desenvolver depressão e 4,5 vezes mais propensas à mania.

Além disso, há alta incidência de abuso de substâncias:

• Homens: 34,5%
• Mulheres: 26,9%

TEPT e risco de suicídio

O TEPT é o transtorno de ansiedade mais fortemente associado ao suicídio, especialmente quando ocorre em comorbidade com a depressão maior.

O Transtorno do Estresse Pós-Traumático é uma condição complexa, com impacto profundo na saúde física, mental e social dos indivíduos. A compreensão do TEPT, desde seus mecanismos neurobiológicos até seus desdobramentos psicossociais, é fundamental para profissionais de saúde, familiares e sociedade.

A identificação precoce e o acesso a intervenções adequadas, como a psicoterapia especializada e os Primeiros Socorros Psicológicos, podem evitar a cronificação do quadro e promover a recuperação e o fortalecimento da resiliência.

Perguntas Frequentes sobre o Transtorno do Estresse Pós-Traumático (TEPT)

1. O que é estresse?

O estresse é uma resposta fisiológica e psicológica não específica do corpo a qualquer demanda ou ameaça percebida. É uma adaptação evolutiva que visa aumentar as chances de sobrevivência por meio de respostas como luta, fuga ou congelamento.

2. O que é um estressor?

O estressor é qualquer evento, situação ou contexto que gera uma demanda significativa ao organismo, podendo provocar estresse. Exemplos incluem violência urbana, desastres naturais ou conflitos interpessoais.

3. Quando o estresse se torna prejudicial?

O estresse se torna prejudicial quando é crônico, ou seja, quando a resposta fisiológica ao estressor se mantém ativada por longos períodos. Isso pode levar ao adoecimento físico e mental, afetando diversos sistemas do organismo.

4. O que diferencia o estresse positivo do negativo?

O estresse positivo ocorre quando as demandas ambientais são compatíveis com os recursos internos e externos do indivíduo, sendo interpretadas como desafios. O estresse negativo surge quando as demandas superam os recursos disponíveis, sendo percebidas como ameaças e potencialmente desencadeando sofrimento e adoecimento.

5. O que é o Transtorno do Estresse Pós-Traumático (TEPT)?

O TEPT é uma condição de saúde mental que ocorre após a exposição a um evento estressor potencialmente traumático, que provoca sofrimento intenso e prejuízo significativo na vida do indivíduo, afetando sua cognição, emoções e comportamento.

6. Quais são os eventos mais comuns associados ao desenvolvimento do TEPT?

Os cinco eventos traumáticos mais comuns são: Testemunhar a morte ou ferimentos graves, Experienciar a morte inesperada de um ente querido, Ser assaltado ou atacado, Envolver-se em um acidente automobilístico com risco de vida e Vivenciar uma doença ou ferimento com risco de vida. Eventos com maior risco de TEPT incluem agressão, violência sexual, assaltos, sequestros e tortura.

7. Qual é a prevalência do TEPT na população geral?

De acordo com dados internacionais: Risco ao longo da vida: 8,7% e Prevalência em 12 meses: 3,7%.

8. Por que algumas pessoas desenvolvem TEPT e outras não?

O desenvolvimento do TEPT depende de múltiplos fatores, incluindo vulnerabilidades genéticas, recursos psicológicos, apoio social, contexto cultural e características do evento traumático. Fatores de risco incluem histórico prévio de transtornos mentais, baixo suporte social e exposição a múltiplos traumas.

9. Como o trauma afeta o cérebro e o corpo?

O trauma gera alterações neurobiológicas significativas, reprogramando o cérebro para lidar com ameaças. Há impacto nos sistemas cognitivo, emocional e comportamental, além de alterações em outros sistemas do corpo, como cardiovascular, imunológico, digestivo e reprodutivo. Mudanças estruturais, como a redução do volume do hipocampo, são comuns, especialmente em vítimas de maus-tratos na infância.

10: Quais são os principais sintomas físicos e interpessoais do TEPT?

Sintomas físicos: Tensão muscular, Fadiga, Insônia, Reações de sobressalto, Náuseas, Perda de apetite, Alterações no desejo sexual e Frequência cardíaca elevada.

Sintomas interpessoais: Irritabilidade, Isolamento social, Desconfiança, Sentimento de rejeição ou abandono, Reclusão e Necessidade excessiva de controle.

11. O que são os primeiros socorros psicológicos?

São intervenções imediatas após a exposição a um evento traumático, com foco em: Promover segurança, Estabilizar reações emocionais, Reconectar o indivíduo com sua rede de apoio, Fornecer informações práticas e Orientar sobre sinais de risco. Esses cuidados reduzem o risco de evolução para quadros mais graves, como o TEPT.

12. Quais fatores aumentam a vulnerabilidade ao TEPT?

Ideação suicida, Uso de substâncias, Comportamento agressivo, Sintomas psicóticos, Dissociação, Histórico prévio de transtorno mental e Baixo apoio social.

13. Como o TEPT pode impactar a vida a longo prazo?

Além do sofrimento psicológico, o TEPT está associado a: Doenças cardiovasculares, Distúrbios metabólicos, Problemas músculo-esqueléticos, Piora da qualidade de vida, Maior risco de suicídio e Redução de produtividade e impacto econômico significativo.

14. O TEPT afeta as funções cognitivas?

Sim. O TEPT está associado a déficits importantes em: Memória episódica, verbal e de trabalho; Atenção e Funções executivas: planejamento, inibição de impulsos e organização. Esses prejuízos impactam diretamente o sucesso da psicoterapia, exigindo adaptações nas abordagens terapêuticas.

15. O que é mais comum após um trauma: desenvolver TEPT ou se recuperar?

A maioria das pessoas expostas a eventos traumáticos apresenta resiliência ou recuperação espontânea, sem evoluir para quadros psiquiátricos graves. O TEPT ocorre em uma parcela menor, geralmente associada a maior carga traumática ou fatores de risco individuais.

16. Quais comorbidades são mais frequentes no TEPT?

• Abuso de substâncias: até 43%.
• Depressão maior: até 53%.
• Transtorno bipolar: até 16%.
• Agorafobia: até 22%.
• Transtorno de ansiedade generalizada: até 76%.
• TOC: até 37%.
• Fobia social: até 21%.

Cerca de 83% dos indivíduos com TEPT preenchem critérios para pelo menos outro transtorno psiquiátrico.

17. Por que o TEPT é associado a um maior risco de suicídio?

O TEPT é o transtorno de ansiedade com maior relação com o suicídio, risco que aumenta consideravelmente quando há comorbidade com depressão maior. Alterações cognitivas, emocionais e neurobiológicas favorecem a desesperança e o comportamento suicida.

18. Quais são as estratégias disfuncionais que podem agravar o TEPT?

• Evitar pensar no trauma.
• Manter a mente constantemente ocupada.
• Reprimir sentimentos.
• Abusar de álcool e drogas.

Essas estratégias dificultam o processamento emocional e a extinção da memória traumática.

19. Como a terapia atua no tratamento do TEPT?

A terapia foca na extinção da memória traumática e no fortalecimento da regulação emocional, com técnicas que promovem:

• Processamento e ressignificação do trauma.
• Treinamento de habilidades cognitivas.
• Melhoria no reconhecimento e regulação de emoções.
• Redução da hipervigilância e do medo condicionado.

20. Quais fatores promovem a resiliência após traumas?

Otimismo, Emoções positivas, Estratégias de enfrentamento ativas, Reavaliação cognitiva, Altruísmo, Apoio social, Atribuição de significado ao evento e Senso de propósito.

21. Qual é o impacto econômico do TEPT?

Em 2018, a carga econômica do TEPT nos Estados Unidos foi estimada em US$ 232 bilhões, superada apenas pela depressão maior entre os transtornos mentais.

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