Você já sentiu uma súbita e intensa onda de medo, acompanhada de palpitações, falta de ar ou sensação de perda de controle? Esses episódios são conhecidos como ataques de pânico e podem evoluir para o Transtorno do Pânico (TP), um dos quadros mais desafiadores na prática clínica. Estima-se que até 40% das pessoas experimentarão um ataque de pânico em algum momento da vida, e aproximadamente 3% poderão desenvolver o transtorno.
Neste artigo, vou explicar de forma detalhada os critérios diagnósticos de Ataques de Pânico e do Transtorno do Pânico, segundo o DSM-5, destacando a abordagem eficaz da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC). Além disso, apresentarei as diferenças entre tipos de ataque de pânico, fatores de risco, comorbidades e as principais estratégias de tratamento.
Se você quer entender melhor esse fenômeno ou busca ajuda especializada, continue a leitura!
O que é um Ataque de Pânico segundo o DSM-5?
De acordo com o DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), um ataque de pânico é uma onda abrupta e intensa de medo ou desconforto que atinge seu pico em poucos minutos, acompanhada de quatro ou mais sintomas físicos ou cognitivos.
Para o diagnóstico, é necessário ter experienciado pelo menos dois ataques de pânico inesperados ao longo da vida.
Principais sintomas de um ataque de pânico:
• Palpitações ou aceleração dos batimentos cardíacos
• Dor ou desconforto no peito
• Medo de morrer
• Sudorese intensa
• Náusea ou desconforto abdominal
• Dormência ou formigamento
• Tremores ou estremecimentos
• Sensação de tontura ou instabilidade
• Calafrios ou ondas de calor
• Falta de ar ou sensação de sufocamento
• Despersonalização (sentir-se desconectado de si mesmo)
• Medo de perder o controle ou enlouquecer
Tipos de Ataques de Pânico: Conheça as Diferenças
A literatura clínica identifica diversos tipos de ataques de pânico, cada um com características distintas:
1. Ataque de Pânico Repentino (Sem Sinal Aparente)
Ocorre de forma inesperada e espontânea, sem gatilhos específicos.
2. Ataque de Pânico Noturno
Manifesta-se com o indivíduo acordando abruptamente em estado de pânico. É mais frequente na transição do sono Não-REM e ocorre em cerca de 69% dos pacientes com Transtorno do Pânico.
3. Pânico Vinculado a Situações Específicas
É desencadeado invariavelmente por uma situação determinada, como entrar em um elevador ou falar em público.
4. Pânico com Pré-Disposição Situacional
Embora não ocorra sempre, há uma maior probabilidade de acontecer em determinadas circunstâncias.
Características Psicológicas e Comportamentais dos Ataques de Pânico
• Presença de gatilhos situacionais (como parques, cinemas, shoppings, escolas).
• Início abrupto, com excitação psicológica intensa.
• Foco seletivo nas sensações corporais.
• Percepções catastróficas sobre os sintomas físicos.
• Medo recorrente de novos ataques.
• Comportamentos de segurança, como evitar sair sozinho.
• Percepção de perda de controle ou de estar “enlouquecendo”.
Estados Relacionados aos Ataques de Pânico: Quando Não é Transtorno
Nem toda manifestação de ansiedade extrema configura um ataque de pânico clássico. Os estados relacionados incluem:
• Ataque de pânico completo (4 ou mais sintomas físicos).
• Ataque de pânico com sintomas limitados (1 a 3 sintomas).
• Episódios de ansiedade aguda.
• Agitação (ansiedade e frustração).
• Explosão emocional (sensação de sobrecarga, choro intenso, perda do controle emocional).
A distinção entre essas manifestações é fundamental para definir a intervenção clínica adequada.
Ataques de Pânico Noturnos: O Que Saber?
Até 70% dos indivíduos com Transtorno de Pânico relatam pelo menos um episódio de pânico durante o sono, sendo que mais de um terço experimenta episódios recorrentes.
Características principais:
• Semelhantes aos ataques diurnos: início abrupto e quatro ou mais sintomas físicos.
• Geralmente ocorrem na transição do sono entre as fases 2 e 3 (Não-REM).
• Aumento da hipervigilância e interpretações catastróficas das alterações fisiológicas.
• Desenvolvimento de medo de dormir, podendo levar à insônia.
O que é o Transtorno de Pânico?
O Transtorno de Pânico (TP) é diagnosticado quando há ataques de pânico inesperados e recorrentes (mínimo de dois), seguidos por um mês ou mais de:
• Preocupação persistente sobre a possibilidade de ter novos ataques.
• Mudanças comportamentais desadaptativas, como evitar locais públicos.
• Exclusão de que os ataques sejam causados por substâncias, condições médicas ou outros transtornos mentais.
Critérios Diagnósticos do Transtorno de Pânico pelo DSM-5
• Ataques de pânico inesperados e recorrentes.
• Pelo menos um ataque seguido de preocupação persistente ou mudanças comportamentais.
• O quadro não é explicado por outros transtornos (como fobia social, TOC ou TEPT).
Componentes Psicológicos Relevantes no Transtorno de Pânico
• Topografia dos ataques: frequência, duração e natureza.
• Fatores situacionais: principais gatilhos e respostas.
• Distorções cognitivas: interpretações catastróficas, esquemas centrais disfuncionais.
• Respostas comportamentais: fuga, esquiva ou busca de segurança.
• Estressores gerais: eventos de vida e estados de humor associados.
Epidemiologia e Fatores de Risco do Transtorno de Pânico
• Prevalência: entre 2% e 3% da população ao longo de 12 meses.
• Mais comum em mulheres (razão de 2:1).
• Início na fase adulta (tipicamente entre 20 e 30 anos).
• Em média, há um atraso de 10 anos entre o início dos sintomas e a busca por tratamento.
• Muitas vezes relacionado a eventos estressores, como perdas significativas.
• Curso crônico, mas com melhor prognóstico quando tratado adequadamente.
Comorbidades Associadas ao Transtorno de Pânico
• Depressão maior (mais comum).
• Outros transtornos de ansiedade: ansiedade generalizada, fobias específicas, ansiedade social.
• Abuso de substâncias: álcool e drogas.
• Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) e transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) são menos comuns.
• Transtornos de personalidade: evitativa, dependente, obsessiva-compulsiva.
Importante: a presença de ataques de pânico não aumenta significativamente o risco de suicídio.
A Relação entre Transtorno de Pânico e Agorafobia
• Transtorno de Pânico com Agorafobia: associação mais comum.
• Transtorno de Pânico sem Agorafobia: menos prevalente.
• Agorafobia sem Transtorno de Pânico: quadro menos frequente.
A agorafobia caracteriza-se pelo medo de estar em locais públicos ou situações em que seria difícil escapar ou obter ajuda em caso de um ataque de pânico.
Como a Terapia Cognitivo-Comportamental trata o Transtorno de Pânico?
A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é considerada o tratamento de primeira linha para o Transtorno de Pânico, com ou sem Agorafobia.
Abordagens mais utilizadas na TCC:
• Psicoeducação: compreender os sintomas e a natureza do transtorno.
• Técnicas de exposição: enfrentar gradualmente situações evitadas.
• Reestruturação cognitiva: identificar e modificar pensamentos catastróficos.
• Treinamento em respiração: reduzir hiperventilação.
• Prevenção de recaída: estratégias para manutenção dos ganhos terapêuticos.
A TCC ajuda o paciente a quebrar o ciclo do medo e a recuperar a qualidade de vida.
Como simular um ataque de pânico?
• Hiperventilação - respirar de forma curta e rápida (1 a 2 minutos).
• Respirar através de um canudo estreito (2 minutos).
• Sentar e girar em uma cadeira rotatória e depois levantar (1 minuto).
• Correr sem sair do lugar (1 minuto).
Buscando Ajuda Profissional
Se você se identificou com os sintomas descritos neste artigo ou conhece alguém que sofre com ataques de pânico ou Transtorno de Pânico, saiba que há tratamento eficaz e baseado em evidências.
A Terapia Cognitivo-Comportamental é altamente recomendada e pode ajudar significativamente na redução dos sintomas e na melhoria da qualidade de vida. Agende agora uma consulta com um psicólogo especializado e dê o primeiro passo para retomar o controle sobre sua vida!
Perguntas Frequentes sobre Ataques de Pânico e Transtorno de Pânico
1. O que diferencia um ataque de pânico de uma crise de ansiedade?
Embora ambos envolvam ansiedade intensa, o ataque de pânico ocorre de forma súbita e com sintomas físicos intensos, enquanto a crise de ansiedade é geralmente mais gradual.
2. Um ataque de pânico pode levar à morte?
Não. Embora os sintomas sejam assustadores, eles não são perigosos. O medo de morrer é um sintoma comum, mas infundado.
3. O Transtorno de Pânico desaparece sozinho?
Em alguns casos leves, pode haver melhora espontânea, mas na maioria dos casos é necessário tratamento especializado para evitar cronificação.
4. A TCC é eficaz para o Transtorno de Pânico?
Sim, a Terapia Cognitivo-Comportamental é considerada o tratamento mais eficaz para esse transtorno.
5. Medicamentos para o Transtorno de Pânico são sempre necessários?
Não. Muitas pessoas se beneficiam apenas da psicoterapia. Em casos mais graves, pode haver necessidade de medicamentos prescritos por psiquiatras.
DR. OSVALDO MARCHESI JUNIOR
Psicólogo em São Paulo - CRP - 06/186.890
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Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) e Hipnoterapia.
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