Pessoas com TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) que também apresentam Altas Habilidades ou Superdotação frequentemente enfrentam um tipo específico de desafio no ambiente de trabalho: a impulsividade cognitiva mascarada de produtividade. Esse fenômeno ocorre quando a busca intensa por conhecimento técnico e aprofundamento intelectual se transforma, na prática, em um obstáculo para a ação, a priorização e a entrega de resultados.
Neste artigo, você vai entender:
• O que é impulsividade cognitiva e como ela se manifesta no TDAH com altas habilidades.
• Por que essa impulsividade pode comprometer o rendimento profissional.
• Quais são as estratégias da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) mais eficazes para recuperar o foco, a clareza e a autoconfiança.
O que é impulsividade cognitiva?
A impulsividade cognitiva é uma forma de responder de maneira precipitada a estímulos mentais internos, como ideias, pensamentos, desejos de aprender ou solucionar algo. No TDAH adulto, isso costuma se manifestar como:
• Dificuldade de priorizar o que é mais importante no momento.
• Sensação constante de que “falta saber mais” antes de agir.
• Hiperfoco em temas técnicos irrelevantes para a tarefa atual.
• Dificuldade de interromper pesquisas ou análises que fogem do escopo prático.
• Procrastinação mascarada de “preparação”.
Para pessoas com altas habilidades, essa impulsividade é ainda mais sutil, pois a capacidade de aprender rápido e pensar de forma complexa pode dar a falsa impressão de produtividade, mesmo quando há fuga da ação prática.
O ciclo da autossabotagem intelectual
Muitos adultos com TDAH e superdotação desenvolvem uma identidade baseada em alto desempenho cognitivo. A consequência? Uma crença central como:
“Se eu não sou intelectualmente impecável, serei considerado incompetente.”
Essa crença, somada à dificuldade executiva típica do TDAH, alimenta um ciclo prejudicial:
1. Surge uma tarefa prática (ex: apresentar um relatório comercial).
2. Ativa-se o pensamento automático: “Preciso entender profundamente esse assunto antes.”
3. Inicia-se uma busca intensa e descontrolada por conhecimento técnico.
4. O tempo se esgota, a tarefa principal não é concluída.
5. A pessoa se sente frustrada, inadequada e insegura.
6. No futuro, tenta compensar estudando ainda mais — e o ciclo se repete.
O impacto no ambiente de trabalho
Esse padrão gera consequências profissionais importantes:
• Baixo rendimento percebido: apesar do potencial, os resultados não aparecem como esperado.
• Sensação de inadequação: principalmente quando o ambiente valoriza competências práticas, comerciais ou relacionais.
• Conflitos com lideranças: por não seguir prioridades estratégicas.
• Procrastinação crônica: travamento mesmo diante de tarefas simples.
• Queda de autoestima profissional: sensação de ser “bom demais para a função, mas não bom o suficiente para entregá-la”.
Como a TCC pode ajudar a lidar com a impulsividade cognitiva
A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) oferece ferramentas práticas e cientificamente embasadas para quebrar esse ciclo de autossabotagem. Veja as mais indicadas:
Treino de metacognição aplicada
Ajuda o paciente a desenvolver consciência e controle sobre os próprios impulsos mentais:
• “Essa busca é útil ou está me afastando do objetivo?”
• “O que é prioridade aqui e agora?”
Técnica da pausa estratégica
Criação de um intervalo consciente entre o pensamento impulsivo e a ação:
• Respiração curta e focada.
• Perguntas de checagem.
• Anotação em lista de “curiosidades para depois”.
Redefinição da identidade profissional
Reestruturação de crenças rígidas como:
• “Se eu não for o mais técnico, sou um fracasso.”
• “Ser comercial é menos nobre do que ser estratégico.”
Substituindo por:
• “Meu valor está na minha capacidade de transformar conhecimento em resultado.”
• “Não preciso saber tudo, só o suficiente para gerar impacto.”
Matriz de prioridades prática
Ferramentas como a matriz de Eisenhower (importante vs. urgente) ajudam a visualizar claramente o que é funcional versus o que é distração intelectual.
Plano mínimo viável semanal
• Definição de metas com foco em impacto real e não em perfeição.
• Estabelecimento de “tempo controlado” para aprofundamento técnico.
Caminhos para a superação
Vencer a impulsividade cognitiva não significa renunciar à inteligência — significa usar o próprio potencial de forma funcional. É sobre transformar o excesso de conhecimento em clareza, estratégia e entrega de valor.
Um adulto com TDAH e altas habilidades que aprende a se regular cognitivamente pode se tornar um profissional altamente eficaz, criativo e visionário. Mas para isso, precisa aprender a priorizar, conter a ansiedade intelectual e se reconectar com seu propósito real.
Impulsividade cognitiva no TDAH com Altas Habilidades é uma armadilha sutil, mas possível de ser superada. Com autoconhecimento, técnicas de TCC e redefinição de propósito profissional, é possível transformar esse excesso de ideias em ação real e em uma carreira muito mais satisfatória.
Se você se identifica com esse padrão e quer aprender a focar, agir e se valorizar profissionalmente, considere buscar um terapeuta cognitivo-comportamental com experiência em TDAH adulto.
Perguntas Frequentes sobre TDAH e Altas Habilidades
1. O que é impulsividade cognitiva no TDAH?
É a tendência de se deixar levar por pensamentos, ideias ou curiosidades sem conseguir regulá-los, resultando em dispersão e baixa produtividade. No TDAH, isso é comum e pode comprometer a execução de tarefas práticas.
2. Pessoas com TDAH e altas habilidades têm mais dificuldade de foco?
Sim. Apesar da inteligência acima da média, a dificuldade de priorizar e selecionar o que é realmente relevante pode ser ainda maior, gerando um paradoxo entre potencial e resultado.
3. A TCC pode ajudar no rendimento profissional de pessoas superdotadas com TDAH?
Sim. A TCC oferece estratégias para melhorar a autorregulação, reestruturar crenças de perfeccionismo e ajudar o paciente a focar no que realmente importa no trabalho.
4. Como diferenciar curiosidade saudável de fuga intelectual?
A curiosidade saudável contribui para metas concretas. Já a fuga intelectual é uma forma de evitar tarefas difíceis ou emocionalmente desconfortáveis, mesmo que pareça produtiva.
5. Qual é o primeiro passo para lidar com esse padrão?
Desenvolver metacognição: aprender a identificar quando o pensamento está desviando do objetivo e criar rotinas de decisão consciente com base em prioridade, não em impulso.
Entender sua mente é o primeiro passo para mudar sua vida. Veja como a TCC pode ajudar você a transformar sua forma de viver.
CLIQUE AQUI PARA BAIXAR O LIVRO
DR. OSVALDO MARCHESI JUNIOR
Psicólogo em São Paulo - CRP - 06/186.890
Atendimentos Psicológicos On-line e Presenciais para pacientes no Brasil e no exterior.
Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) e Hipnoterapia.
Whatsapp: +55 11 96628-5460