Você vive em estado de alerta constante? Sente que seu cérebro está sempre pronto para detectar perigo, mesmo quando tudo está calmo?
Essa hipervigilância — a sensação de que algo ruim pode acontecer a qualquer momento — não é só um problema psicológico. É também um reflexo fisiológico de um sistema nervoso que perdeu a capacidade de calibrar sua sensibilidade ao risco.
A boa notícia: é possível reprogramar esse radar interno.
Por meio do fortalecimento do tônus vagal e de práticas de regulação do sistema nervoso, você pode criar uma base de segurança que reduza a reatividade crônica.
Neste artigo, você vai aprender:
• O que é hipervigilância e como ela se instala.
• O papel do nervo vago e da teoria polivagal.
• Práticas eficazes para fortalecer o tônus vagal e cultivar confiança interior.
O Radar de Ameaça e a Vigilância Excessiva
O cérebro humano evoluiu para priorizar a sobrevivência. Entre um som agradável e um ruído que pode indicar perigo, ele prefere sempre o segundo.
Esse viés natural — chamado viés da negatividade — torna-se disfuncional quando passa a operar em estado de hipervigilância:
• Você interpreta sinais neutros como ameaçadores.
• Sente-se tenso sem saber por quê.
• Seu corpo permanece em alerta, mesmo em situações seguras.
Essa resposta vem do sistema límbico, especialmente da amígdala, que faz uma varredura do ambiente em busca de ameaças. Quando a amígdala é hiperativa, ela envia sinais de alerta constante ao corpo, mantendo alta a produção de adrenalina e cortisol.
Sinais de hipervigilância:
• Insônia e dificuldade de relaxar.
• Taquicardia frequente.
• Irritabilidade e susto fácil.
• Sensação de estar “no limite” o tempo todo.
O primeiro passo para mudar esse padrão é compreender o papel do nervo vago.
A Teoria Polivagal e o Tônus Vagal
A Teoria Polivagal, criada por Stephen Porges, explica como o nervo vago (o maior nervo craniano) atua como chave de regulação da resposta ao estresse.
O nervo vago conecta cérebro, coração, pulmões e sistema digestivo. Ele é responsável por ativar o estado de calma e recuperação conhecido como resposta parassimpática.
O tônus vagal é a capacidade do nervo vago de ativar estados de relaxamento, compaixão e segurança após períodos de alerta.
Pessoas com tônus vagal alto conseguem:
• Sair mais rápido do estresse.
• Recuperar serenidade após conflitos.
• Sentir conexão emocional com os outros.
Por outro lado, tônus vagal baixo está associado a:
• Ansiedade crônica.
• Hipervigilância constante.
• Dificuldade de regulação emocional.
Felizmente, o tônus vagal pode ser fortalecido com práticas específicas.
Como fortalecer o Tônus Vagal?
Aqui estão estratégias práticas e comprovadas que ajudam a reeducar o seu radar de ameaça e cultivar confiança interna:
Respiração diafragmática lenta
A respiração profunda e lenta estimula diretamente o nervo vago.
Como praticar:
• Inspire pelo nariz em 4 segundos, expandindo o abdômen, segure o ar por 4 segundos.
• Expire pela boca em 8 segundos.
• Faça ciclos de 2 a 5 minutos, várias vezes ao dia.
Exposição a água fria
Mergulhar o rosto em água fria ou tomar banho frio ativa o reflexo parassimpático.
Esse estímulo envia ao cérebro o sinal de que está tudo bem, desligando a hipervigilância.
Cantar ou entoar sons graves
O nervo vago passa pela laringe e é estimulado por vibrações sonoras. Cantar, entoar “om” ou sons graves diariamente ajuda a melhorar o tônus vagal.
Conexão social segura
O contato com pessoas de confiança ativa o chamado sistema de engajamento social, reduzindo a atividade da amígdala e promovendo sensação de pertencimento.
Olhar nos olhos, ouvir com atenção e manter interações calorosas reforça a regulação emocional.
Mindfulness e interocepção
A prática de mindfulness aumenta a percepção das sensações corporais, criando espaço entre estímulo e resposta. Estudos mostram que meditar regularmente melhora a variabilidade cardíaca e fortalece o nervo vago.
Como redefinir o Radar de Ameaça
Com o tônus vagal fortalecido, seu cérebro começa a atualizar os parâmetros do que é uma ameaça real.
Mas, além das práticas corporais, você também pode trabalhar cognitivamente para reeducar o radar interno.
Perguntas que ajudam a calibrar o radar:
• Essa ameaça é real ou imaginada?
• O que há de seguro nesse momento que eu posso reconhecer?
• Qual seria uma explicação alternativa menos catastrófica?
• O que meu corpo precisa agora para se sentir seguro?
Pequenos hábitos de confiança:
• Iniciar e terminar o dia com respiração consciente.
• Pausar antes de reagir a gatilhos emocionais.
• Celebrar momentos em que você conseguiu responder com calma.
• Criar rituais que simbolizem segurança (um canto confortável, músicas tranquilas).
Quando procurar ajuda profissional
Se mesmo com práticas constantes a sensação de ameaça permanecer intensa, é importante buscar apoio terapêutico. Psicoterapias baseadas em regulação emocional, como:
• Terapia Somática.
• Terapia do Esquema.
• Terapia Focada na Compaixão.
São eficazes para modular a hipervigilância. Em alguns casos, acompanhamento psiquiátrico pode ser necessário para regular bioquimicamente o sistema nervoso.
A hipervigilância não é um traço fixo, mas um padrão aprendido que pode ser desaprendido.
Com prática consistente, você fortalece o tônus vagal, reconfigura o radar de ameaça e ensina seu cérebro que a segurança é possível.
Quando seu corpo aprende a sair do estado de alerta constante, a mente naturalmente passa a confiar mais na vida e a responder com presença e equilíbrio.
Perguntas Frequentes sobe Teoria Polivagal e o Tônus Vagal
1. O que é tônus vagal?
É a capacidade do nervo vago de ativar estados de calma, digestão e recuperação após estresse.
2. Por que meu cérebro fica sempre em alerta?
Isso pode acontecer por traumas passados, estresse crônico e hábitos mentais que reforçam a vigilância.
3. Respiração realmente ajuda a relaxar?
Sim. A respiração lenta estimula o nervo vago e reduz a ativação simpática (luta/fuga).
4. Quanto tempo leva para fortalecer o tônus vagal?
Algumas semanas de prática diária podem trazer melhorias perceptíveis. Consistência é essencial.
5. O que é a teoria polivagal?
É uma teoria criada por Stephen Porges que explica como o nervo vago regula respostas de estresse e segurança no corpo.
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DR. OSVALDO MARCHESI JUNIOR
Psicólogo em São Paulo - CRP - 06/186.890
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