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A História da Humanidade e a História do Eu: Por que passamos 95% do Tempo em Conflito

Artigo Publicado: 03/07/2025
Parte 1 da Série: Guerra Intrapsíquica - Por que sua Mente luta contra você e como vencer essa batalha

A História da Humanidade e a História do Eu - TCC - NeuroFlux Psicologia Direcionada

A história documentada da humanidade revela um dado perturbador: em mais de 6 mil anos, apenas cerca de 5% do tempo (300 anos) foi marcado por períodos sem guerra. Este padrão externo de conflito incessante não é apenas uma coincidência histórica, ele reflete, em grande parte, as mesmas dinâmicas internas que governam nossos pensamentos, emoções e decisões.

O cérebro humano foi esculpido por milhões de anos de evolução em ambientes de ameaça constante. Nossas estruturas cerebrais mais antigas, como o cérebro reptiliano e o sistema límbico, priorizam a vigilância e a sobrevivência acima de qualquer outra necessidade. Como resultado, a paz não é nosso estado automático. Ao contrário, vivemos em permanente alerta, reagindo a perigos reais ou imaginários.

Este artigo explora como a evolução moldou um cérebro vigilante, por que passamos a maior parte da vida em conflito interno e o que você pode fazer para criar mais espaços de serenidade e segurança emocional.

O Paralelismo entre Guerras Externas e Guerras Internas

A civilização sempre esteve em guerra

Desde os registros mais antigos na Suméria, passando pelas civilizações egípcia, grega e romana, até os conflitos modernos, os seres humanos se organizaram em grupos que competiam por recursos, status e poder. Mesmo nos intervalos de paz, havia tensões latentes e preparação militar constante.

Este padrão de hostilidade é tão regular que historiadores e antropólogos, como Lawrence Keeley e Steven Pinker, sugerem que ele não é apenas uma falha cultural, mas um subproduto inevitável da evolução humana. Quando olhamos para dentro de nós mesmos, percebemos que a mesma predisposição se manifesta em forma de conflitos emocionais: ansiedade crônica, culpa recorrente, autocrítica excessiva e estados de alerta constante.

A guerra dentro do eu

Assim como as nações desenvolvem narrativas que justificam seus conflitos, nossa mente cria histórias internas que nos mantêm em um estado de tensão permanente. Um pequeno erro pode acionar uma cascata de pensamentos punitivos, comparações sociais e medo de rejeição.

Quando você se sente incapaz de relaxar, mesmo sem nenhuma ameaça real, está vivendo o eco interno dos mesmos mecanismos que produziram séculos de guerra fora de você. Essa guerra intrapsíquica é alimentada por um cérebro que prioriza a vigilância e a prevenção de riscos a qualquer custo.

Como a Evolução moldou um Cérebro Vigilante

A sobrevivência como prioridade suprema

Para entender por que nosso cérebro é tão propenso ao conflito, é essencial revisitar o ambiente ancestral onde ele se formou. Durante 99% da história humana, nossos antepassados viveram em ambientes hostis, cercados de predadores, escassez de alimentos e riscos constantes de violência intertribal.

Em termos evolutivos, a seleção natural não favoreceu os indivíduos mais tranquilos e contemplativos, mas aqueles que reagiam rápido aos perigos. Os humanos com cérebros mais sensíveis a sinais de ameaça tinham mais chance de sobreviver e passar seus genes adiante.

Por isso, áreas como o complexo reptiliano (tronco encefálico) e o sistema límbico se desenvolveram como sistemas de alarme altamente responsivos, especializados em detectar e reagir ao perigo.

O papel da Amígdala e do Sistema Límbico

A amígdala cerebral é a sentinela da ameaça. Estudos de neuroimagem mostram que ela reage em milissegundos a estímulos potencialmente perigosos, muito antes de termos consciência do que está acontecendo.

Por exemplo:

• Ao ver uma expressão facial de raiva ou medo, sua amígdala dispara sinais de alerta.
• Ela ativa o sistema nervoso simpático, elevando batimentos cardíacos e preparando seu corpo para lutar ou fugir.

Esse mecanismo foi crucial para a sobrevivência dos caçadores-coletores, mas no mundo moderno ele se torna uma fonte constante de ansiedade e tensão desnecessária.

A vigilância como padrão cerebral

O neurocientista Joseph LeDoux resume assim:

“O cérebro é essencialmente uma máquina de detecção de ameaças.”

Por isso, nosso estado basal — aquilo que acontece quando não estamos distraídos — não é calma, mas um monitoramento ativo em busca de riscos. Essa vigilância contínua cria o terreno fértil para conflitos internos:

• Ruminação sobre problemas passados.
• Ansiedade antecipatória sobre eventos futuros.
• Hipervigilância em interações sociais.

Por que a Paz não é o Estado Interior Natural do Cérebro Humano

O Viés da Negatividade (Negativity Bias): Velcro para o ruim e Teflon para o bom

Rick Hanson, neuropsicólogo e autor de O Cérebro de Buda, cunhou uma metáfora famosa:

“O cérebro é como velcro para experiências negativas e como teflon para as positivas.”

Isso significa que:

• Eventos negativos são percebidos mais rapidamente.
• São memorizados com mais intensidade.
• Influenciam nosso humor por mais tempo.

Pesquisas mostram que, para cada experiência negativa, precisamos de pelo menos 3 experiências positivas de igual intensidade para neutralizar o impacto emocional. Isso explica por que podemos ter um dia inteiro de pequenas alegrias e ainda assim ficar presos em uma crítica que recebemos.

O circuito da ameaça e seu predomínio

Quando o cérebro detecta risco, o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA) libera cortisol, um hormônio do estresse. Se essa ativação se torna crônica, a neuroplasticidade reforça circuitos de vigilância, tornando ainda mais difícil sair do ciclo.

É por isso que muitas pessoas sentem que estão em guerra consigo mesmas mesmo quando tudo parece “bem”. A paz não é um estado natural porque o cérebro ancestral não foi projetado para ela — foi projetado para a sobrevivência.

Os custos do conflito permanente

Esse padrão evolutivo tem um preço alto:

• Ansiedade crônica.
• Transtornos de humor.
• Síndrome do esgotamento.
• Compulsões e dependências como tentativas de alívio.

A boa notícia é que, com práticas intencionais, podemos treinar circuitos cerebrais que favorecem segurança e calma — mas isso exige esforço consciente e repetido.

Entre a Vigilância e a Serenidade

A história humana é uma história de conflitos — e a história do eu não é diferente. Ao compreender que a paz não é o ponto de partida, mas um território a ser cultivado, você pode começar a tratar sua mente com mais compaixão e menos julgamento.

Nos próximos artigos desta série, vou explorar estratégias práticas para criar “acordos de paz internos” e reduzir a dominação dos sistemas de ameaça.

Se quiser iniciar agora, experimente um exercício simples: ao perceber tensão, pergunte a si mesmo:

“O que estou tentando proteger?”
“Essa ameaça é real ou imaginária?”

Reconhecer o conflito é o primeiro passo para transformá-lo.

Perguntas Frequentes sobre Conflitos Intrapsíquicos

1. O que é o viés da negatividade (negativity bias)?

É a tendência do cérebro humano a dar mais importância a estímulos negativos do que positivos. Evoluiu como mecanismo de sobrevivência.

2. Por que meu cérebro está sempre preocupado?

Porque estruturas antigas, como a amígdala, foram projetadas para detectar ameaças constantemente, mesmo que elas não existam.

3. É normal viver em estado de alerta constante?

É comum, mas não saudável. Estados crônicos de vigilância podem levar à ansiedade, esgotamento e depressão.

4. Como posso reduzir meu estado de alerta?

Práticas de mindfulness, respiração diafragmática, terapia e conexão social ajudam a equilibrar o sistema nervoso.

5. A paz interior é possível?

Sim, mas requer esforço intencional e práticas regulares para treinar o cérebro a sair do modo de sobrevivência.

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