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Transtorno de Apego Reativo e TCC: O impacto da negligência emocional precoce

Artigo Publicado: 10/06/2025

Transtorno de Apego Reativo - TCC - NeuroFlux Psicologia Direcionada

O desenvolvimento saudável do apego nos primeiros anos de vida é um dos pilares da saúde emocional. Quando esse processo é interrompido por negligência emocional severa, abandono, institucionalização ou múltiplas trocas de cuidadores, pode surgir uma condição clínica séria: o Transtorno de Apego Reativo (TAR).

Esse transtorno representa uma falha precoce no estabelecimento de vínculos seguros, interferindo de forma duradoura na capacidade da criança de se relacionar, confiar, amar e autorregular-se. A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), com adaptações para o público infantil e familiar, é uma das abordagens com maior respaldo científico para auxiliar no resgate emocional desses pacientes.

Entendendo o Transtorno de Apego Reativo

Critérios diagnósticos do DSM-5

De acordo com o DSM-5, o TAR é caracterizado por:

• Comportamento consistentemente retraído em relação a figuras adultas de cuidado.
• Ausência de busca por conforto quando angustiado.
• Ausência de resposta ao conforto oferecido.
• Afeto social e emocional limitado.
• Episódios frequentes de irritabilidade, tristeza ou medo inexplicáveis.
• Histórico de negligência ou privações emocionais extremas.

O diagnóstico só pode ser feito em crianças com mais de 9 meses e deve ser estabelecido antes dos 5 anos de idade, embora suas consequências possam perdurar pela vida adulta, frequentemente com manifestações clínicas como transtornos de personalidade, transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), depressão resistente e instabilidade nos relacionamentos interpessoais.

Neurobiologia do apego e os efeitos da negligência emocional precoce

A formação de vínculos seguros está relacionada a processos neurobiológicos fundamentais. Nos primeiros anos de vida, experiências repetidas de acolhimento, afeto e regulação por parte dos cuidadores moldam estruturas cerebrais como:

• Amígdala: envolvida no processamento do medo e da ameaça.
• Hipocampo: memória e contexto emocional.
• Córtex pré-frontal ventromedial: regulação emocional e tomada de decisão.
• Sistema oxitocinérgico: implicado no vínculo e na empatia.

Estudos de neuroimagem mostram que crianças com histórico de privação afetiva precoce apresentam:

• Hipoatividade do córtex pré-frontal.
• Hipersensibilidade da amígdala.
• Diminuição dos níveis de oxitocina e vasopressina.
• Alterações epigenéticas em genes relacionados ao estresse e apego.

Essas alterações comprometem a capacidade de autorregulação emocional, empatia e confiança interpessoal, e explicam por que o comportamento dessas crianças é, muitas vezes, interpretado como frio, resistente ou “sem afeto”.

Crenças centrais disfuncionais no Transtorno de Apego Reativo

A negligência emocional precoce não apenas desorganiza o sistema neuroafetivo, mas também estrutura um sistema de crenças nucleares extremamente negativo, como:

• “Eu sou intrinsecamente indesejável”.
• “Não adianta buscar ajuda, ninguém responde”.
• “A intimidade é perigosa”.
• “Depender de alguém leva à decepção”.

Na Terapia Cognitivo-Comportamental, essas crenças são alvos fundamentais de reestruturação, pois sustentam estratégias de evitação relacional, hipervigilância e comportamentos defensivos ou agressivos.

Como a TCC atua no tratamento do Transtorno de Apego Reativo

A TCC, especialmente quando integrada a técnicas de vinculação e intervenções familiares, oferece um modelo terapêutico sólido, validado por evidências clínicas.

Aliança terapêutica como ferramenta corretiva de apego

A construção de uma aliança terapêutica firme e responsiva oferece à criança uma “base segura alternativa”. O terapeuta atua como figura de apego substitutiva temporária, promovendo segurança emocional através da constância, previsibilidade e validação afetiva.

Identificação e modificação de esquemas precoces desadaptativos

Por meio de desenhos, jogos simbólicos, histórias e metáforas, a criança é guiada a nomear experiências traumáticas passadas e a reinterpretá-las sob um novo modelo relacional.

Exemplos de esquemas trabalhados:

• Abandono.
• Desconfiança/abuso.
• Deficiência emocional.
• Inibição emocional.
• Alienação social.

Treinamento em habilidades de regulação emocional

O terapeuta ensina, por meio de técnicas de TCC e Terapia do Esquema adaptadas:

• Estratégias de enfrentamento baseadas em mindfulness.
• Tolerância à frustração e atraso de gratificação.
• Nomeação e diferenciação de emoções primárias e secundárias.
• Técnicas de respiração e relaxamento.
• Modelagem de reações diante de rejeição ou crítica.

Intervenções com cuidadores

O sucesso do tratamento exige intervenções paralelas com os cuidadores. O foco é:

• Desenvolver empatia terapêutica (entender a dor oculta sob o comportamento difícil).
• Estabelecer rotinas previsíveis e consistentes.
• Aprender a aplicar recompensas afetivas em vez de punições.
• Diferenciar necessidades emocionais de manipulações comportamentais.

Benefícios esperados com o tratamento

A melhora no Transtorno de Apego Reativo não é rápida, mas com continuidade e consistência é possível observar:

• Aumento do afeto espontâneo e resposta ao vínculo.
• Redução de comportamentos de evitação ou agressividade.
• Melhoria nas relações interpessoais.
• Fortalecimento da autoestima e senso de valor pessoal.
• Desenvolvimento de competências socioemocionais fundamentais para a vida.

Dê à criança a chance de criar laços seguros

Você convive com uma criança que evita o afeto, parece sempre na defensiva ou não responde às suas tentativas de cuidado? Esses podem ser sinais de algo mais profundo: uma ferida emocional originada na base do desenvolvimento.

Agende uma avaliação com um psicólogo especializado em TCC infantil. O cuidado certo, no tempo certo, pode transformar desconfiança em vínculo, retraimento em conexão, e dor em segurança emocional.

O Transtorno de Apego Reativo não é uma sentença — é um grito silencioso por cuidado que não chegou a tempo. A ciência mostra que, mesmo quando as raízes do sofrimento estão nos primeiros anos de vida, o cérebro e o coração da criança continuam abertos à mudança, desde que encontrem vínculo, estrutura e afeto terapêutico.

A TCC oferece ferramentas não apenas para compreender o comportamento, mas para reconstruir a base emocional da confiança.

Perguntas Frequentes sobre Transtorno de Apego Reativo (TCC)

1. Quais os sinais comportamentais mais comuns do Transtorno de Apego Reativo?

Crianças com TAR evitam o contato emocional, não buscam consolo quando estão tristes, resistem ao afeto, apresentam embotamento emocional e, muitas vezes, mostram reações agressivas ou congeladas diante de situações sociais.

2. O Transtorno de Apego Reativo pode evoluir para transtornos mais graves na vida adulta?

Sim. Quando não tratado, o TAR pode predispor ao desenvolvimento de transtornos de personalidade (como o borderline), ansiedade social grave, depressão resistente e padrões repetitivos de relacionamentos destrutivos.

3. Existe medicação para o Transtorno de Apego Reativo?

Não há medicação específica para o TAR, mas em alguns casos, fármacos podem ser utilizados para tratar sintomas comórbidos, como ansiedade severa, insônia ou impulsividade, sempre em associação com psicoterapia.

4. É possível tratar crianças institucionalizadas com Transtorno de Apego Reativo?

Sim. O tratamento precisa envolver tanto o trabalho individual com a criança quanto intervenções sistêmicas com a instituição e/ou futura família acolhedora. Quanto mais cedo o vínculo seguro for construído, melhores os resultados.

5. Quanto tempo leva o tratamento do Transtorno de Apego Reativo com a TCC?

Não há um tempo fixo, mas geralmente o tratamento é de médio a longo prazo (mínimo de 12 a 24 meses), com intervenções intensivas e suporte contínuo para cuidadores.

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