Você já ouviu falar que pessoas com TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade) simplesmente não conseguem prestar atenção? Ou que são apenas “muito agitadas”? Esses são mitos que ainda cercam o transtorno e que não refletem a complexidade dessa condição. O TDAH vai muito além da distração ocasional ou da inquietação. Ele afeta o funcionamento diário, a regulação emocional e a forma como o cérebro gerencia informações.
Nos últimos anos, os avanços na neurociência trouxeram novas perspectivas sobre o TDAH, desmistificando conceitos antigos e ajudando na criação de estratégias mais eficazes de tratamento e manejo. Neste artigo irei explorar os aspectos mais típicos desse transtorno e como ele se manifesta em diferentes fases da vida.
TDAH: Além da falta de atenção
O TDAH é uma condição neurobiológica caracterizada por três principais grupos de sintomas:
1. Desatenção: Dificuldade em manter o foco em tarefas prolongadas ou monótonas, esquecimentos frequentes e tendência a se distrair com estímulos irrelevantes.
2. Impulsividade: Dificuldade em inibir respostas automáticas, tomar decisões precipitadas e dificuldade em esperar a vez em interações sociais.
3. Hiperatividade: Sensação constante de inquietação, necessidade de movimento ou fala excessiva, o que pode persistir na vida adulta como um sentimento de “precisar estar sempre ocupado”.
O que poucos sabem é que existem diferentes formas de apresentação do transtorno, cada uma com características próprias.
Os subtipos do TDAH: Nem sempre hiperativo
O TDAH não é uma condição única e homogênea. Ele pode ser classificado em três subtipos:
• TDAH do Tipo Combinado: Apresenta tanto sintomas de desatenção quanto de hiperatividade/impulsividade. É a forma mais comum e amplamente estudada.
• TDAH Predominantemente Hiperativo-Impulsivo: Caracteriza-se pela inquietação e impulsividade, sem um comprometimento significativo da atenção. Esse subtipo pode ser uma fase inicial do TDAH combinado em crianças mais novas.
• TDAH Predominantemente Desatento: Pessoas com esse subtipo costumam ser mais introspectivas, sonhadoras e “dispersas”, sem a hiperatividade evidente. Muitos casos são subdiagnosticados, especialmente em meninas, pois seus sintomas não são tão visíveis quanto os da hiperatividade.
Recentemente, pesquisadores vêm investigando um conjunto de sintomas dentro do subtipo desatento, chamado de Tempo Cognitivo Lento (TCP). Pessoas com TCP tendem a ser excessivamente sonhadoras, mentalmente “nebulosas”, letárgicas e socialmente mais retraídas, o que pode indicar uma condição diferente do TDAH tradicional.
O TDAH na vida adulta: Um desafio contínuo
Muitas pessoas acreditam que o TDAH é um transtorno exclusivo da infância, mas isso está longe de ser verdade. Cerca de 66% das crianças diagnosticadas continuam a apresentar sintomas na vida adulta, ainda que a forma de manifestação mude com o tempo.
Os adultos com TDAH podem ter dificuldades na organização da rotina, na gestão do tempo, na impulsividade e na regulação emocional. Além disso, enfrentam desafios no ambiente profissional, especialmente em trabalhos que exigem longos períodos de concentração ou execução de tarefas repetitivas.
A boa notícia é que, com o diagnóstico correto e estratégias eficazes, é possível desenvolver mecanismos para lidar com essas dificuldades e aproveitar as potencialidades que o cérebro neurodivergente oferece.
TDAH e emoções: Um tema pouco abordado
Muitas vezes, o impacto emocional do TDAH é subestimado. Pessoas com o transtorno frequentemente demonstram uma maior sensibilidade emocional, podendo reagir de maneira mais intensa a frustrações, críticas ou desafios do dia a dia.
Essa vulnerabilidade emocional pode aumentar o risco de ansiedade e depressão, especialmente quando o indivíduo cresce sem compreender seu funcionamento cerebral ou sem receber o suporte adequado. Trabalhar o autoconhecimento e desenvolver estratégias para regular as emoções são passos fundamentais para melhorar a qualidade de vida dessas pessoas.
O que realmente funciona no tratamento do TDAH?
Embora ainda não exista uma cura para o TDAH, diversas abordagens têm se mostrado eficazes para minimizar seus impactos:
1. Tratamento medicamentoso
Os estimulantes, como metilfenidato e anfetaminas, são amplamente usados para regular a transmissão de dopamina no cérebro, melhorando a atenção e o controle dos impulsos. Também existem opções não estimulantes, como a atomoxetina.
2. Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC)
A TCC ajuda a desenvolver estratégias para organização, regulação emocional e controle dos impulsos. Ela também auxilia na construção da autoestima e na mudança de padrões de pensamento disfuncionais.
3. Estratégias comportamentais e ambientais
Criar um ambiente estruturado, usar lembretes visuais, dividir tarefas em pequenas etapas e estabelecer rotinas bem definidas pode facilitar a vida de quem tem TDAH.
4. Educação e autoconhecimento
Compreender o funcionamento do próprio cérebro e aprender a trabalhar a favor dele, em vez de contra ele, é um dos passos mais importantes para uma vida mais equilibrada.
O TDAH não define quem você é
O TDAH não deve ser encarado como uma sentença de fracasso ou incapacidade. Pelo contrário, muitas pessoas com o transtorno possuem criatividade excepcional, grande capacidade de inovação e alta energia para atividades que realmente despertam seu interesse.
O segredo está em entender o próprio funcionamento, buscar ajuda profissional e adotar estratégias que ajudem a transformar os desafios em potencialidades.
Se você ou alguém próximo tem TDAH, lembre-se: o diagnóstico não define quem você é, mas entender seu funcionamento pode abrir portas para uma vida mais produtiva, equilibrada e feliz.
Entender sua mente é o primeiro passo para mudar sua vida. Veja como a TCC pode ajudar você a transformar sua forma de viver.
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DR. OSVALDO MARCHESI JUNIOR
Psicólogo em São Paulo - CRP - 06/186.890
Atendimentos Psicológicos On-line e Presenciais para pacientes no Brasil e no exterior.
Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) e Hipnoterapia.
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