Porque, atualmente, é preciso discutirmos sobre a diversidade sexual e de gênero? Se somos todos seres humanos, porque não falamos, simplesmente, na diversidade universal humana?
De fato, LGBT é o termo genérico para se referir a uma comunidade de indivíduos que se identificam como: lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e pessoas transgênero.
Este termo, por outro lado, acaba deixando de fora outras pessoas que se identificam como, por exemplo: pessoas intersexo, pessoas pansexuais e pessoas assexuais.
O sistema convencionado de siglas, em última instância, serve para incluir pessoas que, geralmente, são apagadas do sistema social. Contudo, por maior que sejam os esforços orientados neste sentido, estas meras siglas, inevitavelmente, sempre irão manter algum grupo de fora.
O termo mais abrangente, no entanto, para incluir essas comunidades é diversidade sexual e de gênero, ou seja, uma ampla gama de orientações sexuais e identidades de gênero que fogem da normatividade social vigente em determinada época e/ou cultura, embora, a literatura, também, apresente comumente para estes indivíduos, a terminologia: minorias sexuais e de gênero.
Em nossa sociedade, baseada no modelo binarista (masculino e feminino), de modo geral, a norma social é fundamentada em que o correto, o adequado é existirem pessoas heterossexuais, que relacionam-se com o sexo oposto. Assim sendo, o indivíduo ser cisgênero, ou seja, possuir a sua identidade de gênero congruente com o seu aparato biológico inato é o “mais desejado”.
Todavia, precisamos ter uma visão mais ampla sobre o assunto, levando em consideração os principais pilares da sexualidade do gênero que incluem conceitos como: sexo designado e identidade de gênero.
O Sexo designado no nascimento é um termo que, cada vez mais, tem substituído o conceito de sexo biológico, justamente, por tratar-se de uma inspeção anatômica e do fenótipo realizada no momento do nascimento para distinguir meninos de meninas. São basicamente as características inatas das pessoas. Assim sendo, quem nasce com um pênis tem um sexo designado masculino, quem nasce com uma vagina tem um sexo designado feminino e quem nasce com um órgão genital ambíguo é caracterizado como sendo um indivíduo intersexo.
Contextualizando melhor, então, pessoas intersexo (cerca de um por cento da população mundial) são aquelas que apresentaram em seu nascimento, alguma variação anatômica ou genética que vai fazer com que ela não seja enquadrada facilmente enquanto um sexo designado masculino ou feminino e, atualmente na literatura, já foram identificadas mais de 40 variações deste tipo.
Em função disso, às vezes, estes indivíduos intersexo sofrem intervenções cirúrgicas, no nascimento, que não possuem muito critério científico ou descrito na literatura e são, a grosso modo, patologiazados pela comunidade médica, sendo, muitas vezes, o termo médico oficial adotado para o reconhecimento destas pessoas: Transtorno do desenvolvimento sexual ou Distúrbios do desenvolvimento sexual (pessoas portadoras de alguma anomalia).
Porém, não necessariamente porque você tem determinadas características biológicas inatas, que vieram com você na sua composição, que você necessariamente vai seguir uma trajetória de desenvolvimento que vai fazer com que você siga se identificando como um menino ou uma menina ao longo da vida, muito embora isso ocorra para maior parte da população que é cisgênera.
Isto posto, precisamos compreender melhor, então, a identidade de gênero, um conceito que transcende a lógica macro da divisão e da polarização entre homens e mulheres.
A Associação Americana de Psicologia define a identidade de gênero como sendo: a percepção intrínseca que cada pessoa tem a respeito do seu gênero. A forma como uma pessoa se percebe e se identifica com base nas diferenças culturais presentes de cada contexto.
No conceito macro de gênero, desta forma, a nossa sociedade é dividida entre homens e mulheres, de acordo com a constituição biológica do corpo e seus respectivos papéis sociais atrelados a isso, contudo, como desdobramentos oriundos desta categorização, temos indivíduos: cisgêneros, transgêneros, travestis e não binários.
Conforme mencionado anteriormente, indivíduos cisgêneros possuem, então, a sua identidade de gênero alinhada com o seu sexo designado no ato do nascimento, transgêneros possuem a sua identidade de gênero diferente do sexo designado, travestis não se identificam nem como homens e nem como mulheres - sendo assim - a principal diferença entre uma mulher trans e um travesti, a forma como a pessoa se identifica e, finalmente, pessoas não binárias que fogem desse espectro masculino / feminino, não se identificando nem com um gênero nem com o outro e, no momento presente, existem cerca de 30 diferentes sub-categorias de pessoas não binárias já catalogadas (agêneros, poligêneros, etc).
É importante fazer essa diferenciação conceitual, porque no momento contemporâneo, com bastante discussão a respeito do tema, cada vez mais essas pessoas pertencentes às minorias sexuais e de gênero precisam ser compreendidas e respeitadas, sendo uma demanda cada vez mais crescente no atendimento psicológico clínico.
No contexto brasileiro vivemos uma mistura desses conceitos que recentemente vem sendo classificados, justamente por isso, o que costumávamos interpretar equivocadamente é que a pessoa nascia de um jeito e deveria ser daquele jeito, vestir-se daquele jeito e, preferencialmente, gostar da pessoa que tem o gênero oposto, sob pena de retaliação, violência e discriminação.
DR. OSVALDO MARCHESI JUNIOR
Psicólogo em São Paulo - CRP - 06/186.890
Atendimentos Psicológicos On-line e Presenciais para pacientes no Brasil e no exterior.
Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) e Hipnoterapia.
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