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Expressão de gênero e saúde mental: Compreendendo as identidades e as demandas contemporâneas

Artigo Publicado: 06/03/2025

Expressão de gênero e saúde mental - TCC - NeuroFlux

A importância de compreender expressão de gênero e orientação sexual

A compreensão das identidades de gênero e das orientações sexuais tem se tornado um tema central dentro da psicologia contemporânea. No Brasil, a estrutura social e cultural ainda impõe normas rígidas sobre como as pessoas devem se expressar, vestir-se e até mesmo sobre quem devem amar. Esse contexto gera desafios significativos para as minorias sexuais e de gênero, impactando diretamente sua saúde mental e bem-estar.

Este artigo explora as principais questões relacionadas à expressão de gênero, orientação sexual, preconceito e estigma, e a importância da terapia afirmativa no acolhimento dessas demandas na prática psicológica clínica.

Expressão de gênero: O que significa?

A expressão de gênero se refere à forma como uma pessoa apresenta seus aspectos de gênero ao mundo, por meio de roupas, acessórios, gestos, posturas e expressões. Pode ser dividida em dois principais aspectos:

1. Expressão Comportamental

Refere-se à forma como uma pessoa se movimenta e se expressa corporalmente. Pode ser classificada como:

• Afeminada – gestos e expressões tradicionalmente associados ao feminino.
• Masculinizada – gestos e expressões associados ao masculino.
• Neutra ou andrógina – expressão que mescla ou neutraliza traços tradicionalmente atribuídos aos gêneros.

2. Expressão Visual

Refere-se ao uso de roupas e acessórios que podem ser interpretados como masculinos, femininos ou neutros/andróginos.

Um ponto essencial: a expressão de gênero não determina a identidade de gênero de uma pessoa. Para compreender a identidade de alguém, é fundamental ouvir seu autorrelato, ou seja, como essa pessoa se autodesigna, independentemente de intervenções estéticas ou cirúrgicas.

Orientação sexual: desejo, comportamento e identidade

A orientação sexual envolve três elementos principais:

• Desejo sexual – para quem a pessoa sente atração (feminilidade, masculinidade, ambos ou nenhum).
• Comportamento sexual – com quem a pessoa escolhe se relacionar, o que pode ou não estar alinhado ao seu desejo sexual devido a fatores sociais e culturais.
• Identidade sexual – como a pessoa categoriza sua orientação dentro das categorias disponíveis culturalmente.

Principais identidades sexuais

• Heterossexual – atração pelo gênero oposto.
• Gay/Lésbica – atração por pessoas do mesmo gênero (o termo “homossexual” pode ser interpretado como patologizante).
• Bissexual – atração por mais de um gênero.
• Pansexual – atração independente do gênero da pessoa.
• Assexual/Arromântico – pouca ou nenhuma atração sexual/afetiva.

No Brasil, há uma grande confusão entre identidade de gênero e orientação sexual, além da pressão social para que as pessoas se encaixem em padrões rígidos. Essa expectativa social muitas vezes resulta em discriminação, violência e retaliação.

Preconceito e estigma: Impactos na Saúde Mental

O estigma se refere a ideias equivocadas e generalizadas sobre determinados grupos sociais, levando à discriminação, rejeição e até violência. Na psicologia, diferenciamos preconceito (mais individual e pessoal) de estigma (mais social e cultural).

Modelo multidimensional do estigma (efeito cascata)

O estigma ocorre em diferentes níveis:

• Cultural: a hetero-cis-normatividade (a crença de que ser cisgênero e heterossexual é a norma e superior às outras identidades).
• Institucional: o hetero-cis-sexismo, presente em leis e políticas que dificultam direitos para minorias (exemplo: dificuldades na adoção por casais homoafetivos).
• Interpessoal: preconceito expresso nas relações familiares, sociais e profissionais, por meio de discriminação, humilhação, rejeição e violência.

Impactos do estigma e estresse de minoria

O modelo do estresse de minorias demonstra como o preconceito impacta negativamente a saúde mental:

• Estressores Distais: eventos diretos de discriminação (rejeição familiar, agressões verbais e físicas, leis restritivas, violência sexual corretiva, falta de acesso a direitos).

• Estressores Proximais: estressores internos (preconceito internalizado, necessidade de ocultação, disforia de gênero, sensibilidade à rejeição).

Essa carga de estresse gera desfechos negativos, como depressão, ansiedade, ideação suicida e uso de substâncias.

Risco de suicídio

Pesquisas indicam que minorias sexuais têm duas vezes mais chances de tentativas de suicídio. Além disso, apresentam índices 1,5 vez maiores de depressão e ansiedade em comparação com pessoas heterossexuais.

O apoio familiar e comunitário se mostra um fator essencial para a saúde mental dessas pessoas.

A importância da Terapia Afirmativa

A terapia afirmativa surge como uma abordagem essencial para acolher minorias sexuais e de gênero. Desenvolvida na década de 1980, essa prática reconhece que fatores sócio-culturais impactam diretamente a adesão dos pacientes à psicoterapia.

Principais Características da Terapia Afirmativa:

• Reconhece e valoriza as múltiplas identidades sociais dos indivíduos LGBT+.
• Aborda como iniquidades sociais afetam o bem-estar psicológico.
• Promove autonomia, resiliência e construção de redes de apoio comunitário.
• Reduz barreiras institucionais que dificultam a saúde mental e relacional.
• Valoriza os pontos fortes do indivíduo, em vez de patologizá-lo.

Um ponto fundamental dentro dessa abordagem é que o terapeuta deve reconhecer seus próprios viéses e preconceitos para não impactar negativamente o processo terapêutico.

O que não é Terapia Afirmativa?

Até 1990, a homossexualidade era considerada um transtorno mental pelo CID-9. Terapias de reorientação sexual (popularmente conhecidas como “cura gay”) eram amplamente aplicadas, apesar de serem ineficazes, perigosas e antiéticas.

Atitudes corretivas dentro da terapia (como tentativas de mudar a identidade sexual do paciente) perpetuam a discriminação e reforçam danos psicológicos.

Mito: “Ele é gay porque não teve uma figura paterna forte. Esse tipo de crença desconsidera a complexidade das identidades sexuais e de gênero e não tem base científica.

Compreender as diferentes formas de expressão de gênero, orientação sexual e o impacto do preconceito é essencial para promover uma sociedade mais inclusiva. No contexto clínico, a terapia afirmativa se mostra uma ferramenta poderosa para garantir o acolhimento e a valorização da individualidade de cada paciente.

A promoção de redes de apoio e o combate ao estigma são fundamentais para reduzir os impactos negativos na saúde mental das minorias sexuais e de gênero. Enquanto psicólogos e profissionais da saúde, é nossa responsabilidade atuar com ética, respeito e empatia, garantindo que cada pessoa possa se expressar livremente e viver de forma autêntica.

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