A Psicologia Positiva, um campo desenvolvido por Martin Seligman, trouxe uma abordagem transformadora à psicoterapia e à psicologia em geral. Tradicionalmente, a psicologia focava principalmente no sofrimento humano e na busca pela redução da dor emocional. A ênfase estava na patologia, com intervenções voltadas para a cura de doenças mentais como a depressão e a ansiedade. Contudo, a revolução proposta por Seligman e seus seguidores consiste em mudar a perspectiva da psicologia, passando de uma abordagem reativa para uma proativa, que não só visa diminuir os sintomas negativos, mas também promover o bem-estar e a felicidade.
A nova visão da natureza humana
Antes de Seligman, a psicologia estava imersa em um modelo baseado na busca por respostas para as perguntas sobre sofrimento e disfunção. O foco estava em como aliviar as angústias humanas, com a ideia de que o melhor que um ser humano poderia alcançar seria simplesmente não ser infeliz. No entanto, essa perspectiva tem sido substituída por uma nova abordagem, que vê o ser humano como capaz de ser positivo, resiliente e orientado para o bem-estar.
A psicologia positiva traz a ideia de que os seres humanos não são prisioneiros do passado, e que, ao contrário, o futuro não é determinado nem pelo passado nem pelo presente. O que importa agora é o que podemos construir para o futuro e como podemos moldá-lo a partir de uma perspectiva positiva. Seligman acredita que o objetivo fundamental da nossa existência é alcançar o bem-estar, algo que pode ser cultivado e desenvolvido ao longo do tempo, não um destino fixo.
Desamparo aprendido: um modelo para compreender a depressão
Um dos pilares da psicologia positiva é o conceito de desamparo aprendido, que Seligman identificou e estudou profundamente. Esse modelo se baseia na ideia de que quando os indivíduos (ou até mesmo animais) enfrentam situações em que não têm controle sobre os eventos negativos em suas vidas, eles desenvolvem uma sensação de impotência que pode levar à depressão. A sensação de não poder mudar a situação cria uma passividade que pode levar a sintomas como apatia, perda de entusiasmo, dificuldade para dormir e até mesmo pensamentos suicidas.
A boa notícia é que essa visão do desamparo não é um destino inevitável. A neurociência revelou que o cérebro possui estruturas que estão diretamente envolvidas na regulação do desamparo e da esperança. O núcleo dorsal da rafe, por exemplo, quando ativado, está relacionado ao desamparo. Por outro lado, o córtex pré-frontal ventromedial está ligado ao controle e à capacidade de dar um sentido positivo à vida, o que nos permite cultivar a esperança, um elemento crucial para a recuperação da depressão.
A esperança, portanto, se torna uma força transformadora. Quando temos esperança, acreditamos que podemos mudar as coisas, mesmo diante das adversidades. E, quando uma pessoa é capaz de cultivar essa esperança, ela se torna mais resiliente e capaz de enfrentar os desafios de maneira eficaz.
Otimismo: a chave para a resiliência
Seligman também nos ensina que o otimismo é uma habilidade que pode ser aprendida. Ao contrário do pessimismo, que tende a ver os eventos negativos como permanentes e imutáveis, o otimismo envolve a crença de que as dificuldades são temporárias e que existe algo que podemos fazer para mudar a situação. Esse tipo de pensamento não apenas diminui o sofrimento, mas também promove um sentido de controle e competência, essenciais para o bem-estar.
A psicologia positiva não se limita a combater a infelicidade; ela oferece um conjunto de ferramentas que ajudam as pessoas a desenvolverem uma vida mais plena. Entre esses recursos, o modelo PERMA de Seligman é um dos mais impactantes, destacando cinco elementos essenciais para o bem-estar: emoções positivas, engajamento, relacionamentos positivos, significado e realização.
O modelo PERMA e o bem-estar
A psicologia positiva propõe que o bem-estar não é apenas a ausência de sofrimento, mas sim a presença de certos fatores que contribuem para uma vida significativa. O modelo PERMA de Seligman descreve esses elementos fundamentais:
• Emoções positivas: Sentimentos como alegria, gratidão e serenidade são a base do bem-estar subjetivo. Estes estados emocionais são, em parte, herdados, mas também podem ser cultivados.
• Engajamento: A experiência de estar completamente absorvido e desafiado em uma atividade, muitas vezes descrita como “estado de flow”, é um indicador de uma vida gratificante.
• Relacionamentos positivos: Conexões sociais saudáveis são fundamentais para o bem-estar. A qualidade dos relacionamentos interpessoais tem um impacto profundo na nossa felicidade.
• Significado: Encontrar um propósito maior para a vida, algo que transcenda as necessidades pessoais, está diretamente ligado ao bem-estar duradouro.
• Realização: A sensação de competência e de atingir objetivos importantes é essencial para uma vida bem vivida.
Esses cinco elementos não apenas contribuem para a felicidade, mas também trazem benefícios tangíveis para a saúde física e mental, como maior longevidade, melhor funcionamento do sistema imunológico, maior criatividade e produtividade, e uma maior capacidade de resiliência diante de desafios.
A Psicologia Positiva na Terapia Cognitivo-Comportamental
Integrar os conceitos da psicologia positiva à Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é uma estratégia poderosa para ajudar os pacientes a superarem os sintomas de depressão, ansiedade e outros transtornos mentais. A TCC tradicionalmente foca na modificação de pensamentos disfuncionais e crenças irracionais, mas a incorporação da psicologia positiva permite que o terapeuta ajude o paciente a cultivar pensamentos mais otimistas e uma visão mais positiva sobre o futuro.
Além disso, a psicologia positiva propõe que, ao focarmos no que há de positivo em nossas vidas e ao promovermos comportamentos que aumentem o nosso bem-estar, não estamos apenas combatendo a dor emocional, mas também criando uma vida com mais sentido e satisfação.
O futuro é positivo
A psicologia positiva não é uma negação dos desafios da vida, mas sim uma abordagem que nos ensina a olhar para o futuro com esperança e otimismo. Ao cultivar uma mentalidade positiva, desenvolver habilidades de resiliência e buscar um significado maior para nossas ações, podemos não apenas melhorar nossa saúde mental, mas também criar uma vida mais plena e satisfatória.
Portanto, ao integrar a psicologia positiva na prática da Terapia Cognitivo-Comportamental, estamos ajudando os indivíduos a se libertarem dos grilhões do sofrimento e a abraçarem o poder da esperança, do otimismo e do bem-estar, moldando um futuro mais positivo e promissor.
DR. OSVALDO MARCHESI JUNIOR
Psicólogo em São Paulo - CRP - 06/186.890
Atendimentos Psicológicos On-line e Presenciais para pacientes no Brasil e no exterior.
Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) e Hipnoterapia.
Whatsapp: +55 11 96628-5460