A dependência química é uma questão complexa, que envolve aspectos biológicos, psicológicos e sociais. O uso de substâncias psicoativas pode levar a transtornos psiquiátricos, dificultar diagnósticos e impactar a qualidade de vida. Entender os diferentes tipos de drogas, seus efeitos no sistema nervoso central (SNC) e as abordagens de tratamento é essencial para a conscientização e o combate à dependência química.
Tipos de drogas e seus efeitos no Sistema Nervoso Central
As drogas psicoativas alteram a atividade do SNC e podem ser classificadas em três grandes grupos:
1. Drogas Depressoras do SNC
Diminuem a atividade cerebral, causando relaxamento, sonolência e, em doses elevadas, depressão respiratória e coma.
• Álcool: A droga mais consumida no Brasil, o álcool pode levar à dependência e a quadros graves como o delirium tremens, além de déficits neurológicos devido à falta de vitamina B1.
• Benzodiazepínicos (ansiolíticos): Incluem medicamentos como Diazepam e Rivotril, usados para tratar ansiedade, insônia e epilepsia, mas com alto potencial de dependência.
• Barbitúricos: Utilizados para epilepsia, apresentam alto risco de overdose.
• Opiáceos: Incluem a morfina, codeína e heroína, drogas extremamente viciantes e associadas a overdose fatal.
• Solventes e inalantes: Como cola de sapateiro e loló, são altamente tóxicos e podem causar lesões cerebrais irreversíveis.
2. Drogas Estimulantes do SNC
Aceleram a atividade cerebral, aumentando energia, alerta e euforia, mas também elevando o risco de paranoia, psicose e problemas cardíacos.
• Cocaína e Crack: São altamente viciantes, com efeitos intensos e de curta duração, levando a um padrão compulsivo de uso.
• Nicotina: Presente no tabaco, causa forte dependência e está associada a doenças cardiovasculares e pulmonares.
• Anfetaminas: Usadas para transtornos como TDAH, mas também podem ser abusadas por seus efeitos estimulantes.
• Cafeína: Apesar de menos prejudicial, pode causar dependência e sintomas de abstinência como dor de cabeça e fadiga.
3. Drogas Perturbadoras do SNC
Alteram a percepção, podendo causar alucinações e distorções da realidade.
• Derivados da Cannabis (maconha, haxixe): Apesar do uso recreativo e medicinal, podem desencadear surtos psicóticos e aumentar o risco de esquizofrenia.
• Alucinógenos (LSD, cogumelos, MDMA): Podem causar flashbacks muito tempo após o uso e desencadear transtornos psiquiátricos.
Drogas e Transtornos Psiquiátricos: um desafio diagnóstico
A dependência química frequentemente ocorre junto com transtornos mentais como depressão, ansiedade e transtorno de personalidade borderline. Isso dificulta o diagnóstico, pois os sintomas do uso de drogas podem imitar transtornos psiquiátricos.
O uso crônico de maconha, por exemplo, pode levar à síndrome amotivacional, em que o indivíduo apresenta apatia, procrastinação e falta de iniciativa. Além disso, drogas alucinógenas podem provocar flashbacks, onde os efeitos da substância retornam mesmo após semanas ou meses sem uso.
Tratamento: caminhos para a recuperação
O tratamento da dependência química deve ser individualizado e considerar fatores como motivação do paciente, rede de apoio e comorbidades psiquiátricas.
Psicoterapia e psicoeducação
A psicanálise não é indicada para dependentes químicos, pois pode aumentar a ansiedade e a evasão do tratamento. Em vez disso, utiliza-se a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), que trabalha com:
• Prevenção de recaídas
• Identificação de gatilhos para o uso de drogas
• Treinamento de habilidades para lidar com a fissura
Além disso, a psicoeducação da família e do próprio paciente é essencial, ajudando na conscientização sobre a doença e a importância da rede de apoio.
A recaída é comum e faz parte do processo. Aproximadamente 70% dos pacientes recaem em 90 dias e 90% no primeiro ano. O importante é não encarar a recaída como fracasso, mas como uma oportunidade de aprendizado.
A dependência química é uma doença que exige abordagem multidisciplinar e estratégias personalizadas. A compreensão dos tipos de drogas, seus efeitos no SNC e as possibilidades de tratamento é fundamental para combater esse problema de saúde pública.
A motivação para a mudança deve ser respeitada, e o tratamento precisa ser conduzido com empatia e técnicas baseadas em evidências, garantindo maior adesão e melhores chances de recuperação.
Se você ou alguém que conhece está enfrentando dificuldades com o uso de substâncias, buscar ajuda profissional é o primeiro passo para retomar o controle da própria vida.
DR. OSVALDO MARCHESI JUNIOR
Psicólogo em São Paulo - CRP - 06/186.890
Atendimentos Psicológicos On-line e Presenciais para pacientes no Brasil e no exterior.
Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) e Hipnoterapia.
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