PUBLICAÇÕES NEUROFLUX

Transtornos do Exagero e Dependência Química: uma Abordagem Psicológica

Artigo Publicado: 04/03/2025

Transtornos do Exagero e Dependencia Quimica - TCC - NeuroFlux

Nos últimos anos, tem crescido a preocupação com os chamados transtornos do exagero, que englobam não apenas a dependência química, mas também comportamentos compulsivos como jogo patológico, compulsão alimentar, compras impulsivas e dependência da internet. Essas condições compartilham um mecanismo comum: o desequilíbrio entre a busca por prazer e o impacto negativo que essa busca pode gerar na vida do indivíduo.

O prazer e o prejuízo no comportamento aditivo

O uso de substâncias psicoativas ou a repetição compulsiva de um comportamento pode inicialmente gerar prazer e alívio emocional. No entanto, com o tempo, o indivíduo se vê preso em um ciclo de reforço, onde o comportamento deixa de ser uma escolha e passa a ser uma necessidade. Esse processo é impulsionado por mudanças neurobiológicas, principalmente no sistema de recompensa do cérebro, que envolve estruturas como o Núcleo Accumbens e a Área Tegmentar Ventral.

Inicialmente, o comportamento aditivo é reforçado positivamente: a pessoa sente euforia ou alívio. No entanto, com o aumento da tolerância, a mesma quantidade de substância ou a mesma atividade já não gera o mesmo efeito. Assim, o indivíduo passa a precisar de doses maiores ou mais tempo envolvido no comportamento para obter prazer. Com o tempo, o comportamento deixa de ser realizado pela busca de prazer e passa a ser motivado pela necessidade de evitar o sofrimento – como sintomas de abstinência e ansiedade.

Transtornos por Uso de Substâncias: Critérios e Diagnóstico

Segundo o DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), o transtorno por uso de substâncias é caracterizado por um padrão mal adaptativo de consumo, levando a sofrimento e prejuízo significativo. Para ser diagnosticado, o indivíduo deve apresentar pelo menos dois dos onze critérios dentro de um período de 12 meses, incluindo:

• Uso em quantidades maiores ou por mais tempo do que o planejado.
• Tentativas frustradas de reduzir ou controlar o consumo.
• Fissura (desejo intenso de usar a substância).
• Impacto negativo na vida pessoal, profissional ou acadêmica.
• Persistência no consumo apesar das consequências negativas.
• Desenvolvimento de tolerância e sintomas de abstinência.

A gravidade do transtorno é classificada como leve, moderada ou grave, dependendo do número de critérios preenchidos.

Além das substâncias químicas, o DSM-5 reconhece o transtorno do jogo como um transtorno aditivo, seguindo critérios semelhantes ao transtorno por uso de substâncias. Outros comportamentos compulsivos, como o uso problemático da internet, compras compulsivas e compulsão alimentar, também compartilham características semelhantes, apesar de não estarem formalmente classificados como transtornos por dependência no DSM-5.

A influência Biopsicossocial na dependência

A etiologia dos transtornos aditivos é multifatorial, envolvendo:

• Fatores biológicos: Estudos indicam a influência genética, especialmente dos genes DRD2 e DRD4, relacionados à dopamina, neurotransmissor ligado ao prazer.
• Fatores psicológicos: Muitos indivíduos utilizam substâncias ou comportamentos compulsivos para aliviar emoções negativas, como ansiedade e depressão.
• Fatores sociais: A influência do ambiente, amigos e eventos estressores (como crises econômicas e pandemias) pode aumentar o risco de desenvolver comportamentos aditivos.

Tratamento: o papel da motivação e da terapia

A abordagem terapêutica precisa considerar o estágio motivacional do paciente. Segundo o modelo de Prochaska e DiClemente, a motivação para a mudança ocorre em estágios:

1. Pré-contemplação – o indivíduo não reconhece o problema
2. Contemplação – percebe a necessidade de mudança, mas está ambivalente
3. Preparação – decide buscar tratamento
4. Ação – começa o processo de mudança
5. Manutenção – trabalha para evitar recaídas

A terapia cognitivo-comportamental (TCC) tem se mostrado uma das abordagens mais eficazes, pois trabalha as crenças disfuncionais relacionadas ao uso da substância ou comportamento aditivo, ensina estratégias de enfrentamento e auxilia na prevenção de recaídas.

Internação vs. tratamento ambulatorial

Dependendo do grau de dependência e do risco associado, o tratamento pode ser:

• Internação: Indicada para pacientes em risco de vida ou com dificuldades graves na desintoxicação. O tempo médio de internação é de três semanas.
• Tratamento ambulatorial: O paciente participa de sessões semanais de terapia e grupos de apoio.

Além disso, grupos de autoajuda, como os 12 passos de Alcoólicos Anônimos (AA) e Narcóticos Anônimos (NA), oferecem suporte social fundamental no processo de recuperação.

Abstinência vs. redução de danos

Embora a abstinência total seja o objetivo ideal para muitos dependentes, nem sempre é uma meta viável no início do tratamento. Em alguns casos, adota-se a abordagem de redução de danos, que busca minimizar os riscos e prejuízos associados ao uso, enquanto se trabalha a motivação para a mudança.

A dependência química e os transtornos do exagero são condições complexas, influenciadas por fatores biológicos, psicológicos e sociais. O tratamento deve ser individualizado e considerar a motivação do paciente, evitando abordagens confrontacionais que podem gerar resistência. Com um suporte adequado, estratégias terapêuticas eficazes e um ambiente de apoio, a recuperação é possível.

Se você ou alguém que conhece enfrenta dificuldades com o uso de substâncias ou comportamentos compulsivos, busque ajuda profissional. O primeiro passo para a mudança começa com a decisão de procurar apoio.

SENTE QUE PREOCUPAÇÕES E QUESTÕES EMOCIONAIS ESTÃO TOMANDO CONTA DA SUA VIDA?

ALGUMAS DORES NÃO CICATRIZAM SOZINHAS. IGNORAR ESSES SINAIS PODE TORNAR TUDO MAIS DIFÍCIL.
A boa notícia é que você não precisa passar por isso, sem apoio especializado.
A Psicoterapia pode ajudá-lo a entender suas emoções, encontrar clareza e construir um caminho mais leve e equilibrado.

Psicólogo - Dr. Osvaldo Marchesi Junior - CRP - 06/186.890 - NeuroFlux Psicologia Direcionada

DR. OSVALDO MARCHESI JUNIOR
Psicólogo em São Paulo - CRP - 06/186.890

Atendimentos Psicológicos On-line e Presenciais para pacientes no Brasil e no exterior.

Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) e Hipnoterapia.

Whatsapp: +55 11 96628-5460

SAIBA MAIS

ENDEREÇO

Zona Sul - Aclimação
São Paulo - SP


CONTATO

Tel / WhatsApp:
+55 (11) 96628-5460
E-mail:
contato@neuroflux.com.br

HORÁRIOS
Segunda à Sexta - 9 às 20h
Sábado - 9 às 19h
(Fuso-Horário de Brasília)


Dr. Osvaldo Marchesi Junior
Psicólogo - CRP - 06/186.890

Hipnoterapeuta

WhatsApp