A Terapia Cognitivo-Processual (TCP) é uma abordagem 100% baseada nos princípios da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) de Aaron Beck, mas com um diferencial: uma estruturação mais organizada das técnicas, tornando a aplicação mais intuitiva tanto para o terapeuta quanto para o paciente.
Neste artigo, vou explorar os principais aspectos da TCP, desde o modelo cognitivo até as estratégias de intervenção, destacando como essa abordagem pode ser aplicada de forma prática e eficiente na clínica.
O Modelo Cognitivo na TCP: Uma Estrutura Organizada
A TCP segue um modelo cognitivo estruturado em três níveis de cognição:
1. Pensamentos Automáticos – São as interpretações imediatas da realidade, que influenciam emoções, comportamentos e respostas fisiológicas.
2. Crenças Intermediárias – Envolvem regras e estratégias compensatórias que mantêm os pensamentos automáticos disfuncionais.
3. Crenças Nucleares – São as crenças mais profundas e centrais sobre si mesmo, os outros e o mundo, podendo ser positivas ou negativas.
Esse modelo funciona como um circuito interligado: os pensamentos automáticos influenciam emoções e comportamentos, que reforçam crenças intermediárias e, consequentemente, mantêm as crenças nucleares disfuncionais. A TCP busca interromper esse ciclo e promover mudanças cognitivas e comportamentais.
Plano de Tratamento: Organização para a Eficiência Terapêutica
Uma das grandes vantagens da TCP é sua estrutura clara de planejamento da terapia, que inclui:
• Hierarquia dos Problemas – Classificação por cores para monitoramento da evolução do paciente.
• Lista de Metas – Definição clara dos objetivos terapêuticos.
• Plano de Intervenção – Estratégias e técnicas a serem utilizadas ao longo do processo.
Essa organização facilita o acompanhamento da evolução do paciente e garante que o terapeuta tenha uma visão ampla do processo terapêutico.
Principais Técnicas e Intervenções na TCP
1. Lidar com Pensamentos Automáticos Disfuncionais
Os pensamentos automáticos podem ser modificados por diferentes abordagens:
• Formato analítico – Questionamento e reestruturação cognitiva.
• Formato contemplativo ou meditativo – Uso de Mindfulness para observação sem julgamento.
• Formato comportamental – Experimentação e mudança de comportamento.
Exemplo clínico:
Um paciente com fobia social evita festas porque acredita que será julgado. Esse pensamento gera ansiedade, que leva ao comportamento de esquiva, reforçando a crença de que as pessoas o rejeitam. A TCP atua questionando essa interpretação e incentivando a exposição gradual.
2. Intervenção nas Crenças Intermediárias
As crenças intermediárias geralmente se manifestam por meio de comportamentos de segurança, como evitar elevadores por medo de passar mal. Técnicas para trabalhar essas crenças incluem:
• Hierarquia dos Sintomas Codificada por Cores – Torna a exposição mais progressiva e menos aversiva.
• Role-Play Consensual – Técnica que ajuda o paciente a avaliar a situação de forma racional, considerando emoção, razão e consenso.
3. Modificação de Crenças Nucleares
Crenças centrais como “Eu sou defeituoso” ou “Eu sou incapaz” são trabalhadas por meio de estratégias como:
• Inventário de Crenças Nucleares Negativas – Identificação e avaliação da funcionalidade dessas crenças.
• Consciência Metacognitiva – Desenvolvimento da habilidade de observar os próprios pensamentos de forma mais objetiva.
• Metáfora do Barco à Vela – Técnica de relaxamento e visualização para consolidar novas crenças mais adaptativas.
As Engrenagens Cognitivas e a Regulação Emocional
A TCP entende que a mente funciona como uma engrenagem, onde pensamentos automáticos, crenças intermediárias e crenças nucleares interagem constantemente. A terapia foca na desativação de crenças negativas e na ativação de crenças mais equilibradas.
Para trabalhar a regulação emocional, técnicas como a Cadeira Vazia são utilizadas, permitindo ao paciente explorar e reestruturar suas emoções de forma ativa.
Diferenciais da TCP em Relação à TCC Tradicional
A TCP se diferencia da TCC tradicional ao apresentar um diagrama cognitivo mais organizado, facilitando o aprendizado e aplicação da terapia. Além disso, faz uso frequente de metáforas, como a do barco à vela e a do vulcão, para tornar conceitos abstratos mais acessíveis ao paciente.
Evidências científicas mostram que a TCP tem resultados positivos no tratamento de depressão, fobia social, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) e transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), tornando-se uma abordagem promissora dentro da psicoterapia cognitiva.
A Terapia Cognitivo-Processual oferece um modelo terapêutico estruturado, eficiente e intuitivo, tanto para terapeutas quanto para pacientes. Seu foco na organização do tratamento e na adaptação de técnicas facilita a modificação de padrões cognitivos disfuncionais, promovendo mudanças profundas e sustentáveis.
DR. OSVALDO MARCHESI JUNIOR
Psicólogo em São Paulo - CRP - 06/186.890
Atendimentos Psicológicos On-line e Presenciais para pacientes no Brasil e no exterior.
Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) e Hipnoterapia.
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