A prisão sem grades
Você já quis se curar — mas travou na hora de mudar? Já percebeu que uma parte sua resiste à melhora, como se tivesse medo de deixar a dor para trás?
Não é fraqueza. É ser humano.
A Psicologia mostra que, muitas vezes, o sofrimento se torna uma identidade emocional. E se libertar dele não é apenas aliviar a dor — é perder uma parte do “eu” que se construiu em torno dela.
Este artigo explora a psicodinâmica do apego ao sofrimento, por que resistimos à liberdade emocional e como a autossabotagem muitas vezes nasce de fidelidades inconscientes à dor.
Quando a dor vira um lugar familiar
Por mais paradoxal que pareça, há segurança na dor conhecida. A mente humana busca estabilidade — e, se o sofrimento foi constante ao longo da vida, ele se torna o “normal”. Logo, o bem-estar é percebido como estranho, suspeito ou mesmo ameaçador.
Frases comuns:
• “Tudo está indo bem… até demais.”
• “Quando estou feliz, algo ruim acontece.”
• “Melhor não criar expectativas.”
Essas crenças são sintomas de um medo inconsciente da liberdade emocional, que impede a pessoa de sustentar o próprio bem-estar sem culpa, vigilância ou autossabotagem.
A Psicologia da autossabotagem emocional
Na clínica, vemos muitos pacientes com progresso real — que, misteriosamente, regridem ou desistem. Não por falta de força, mas por um conflito interno não nomeado:
• “Se eu me curar, deixo de ser quem sempre fui.”
• “Quem serei eu sem essa dor?”
Esse é o ponto cego da autossabotagem: a cura implica em uma morte simbólica da antiga identidade.
E a mente resiste a esse luto.
O ganho secundário do sofrimento
O ganho secundário é o que se “ganha” ao permanecer na dor:
• Cuidado e atenção dos outros.
• Justificativas para evitar desafios.
• Posição de vítima, que exime da culpa.
• Sentido de pertencimento a uma história familiar de dor.
• Manutenção de lealdades invisíveis à família ou ao trauma.
Esses ganhos são inconscientes, mas poderosos. Eles fazem com que a pessoa inconscientemente preserve o sofrimento, mesmo enquanto deseja superá-lo.
Sofrimento como identidade
Quando alguém sofre por muito tempo, seu sofrimento vira parte de quem ela acredita ser. Exemplos:
• “Sou a que sempre foi rejeitada.”
• “Sou o que nunca foi escolhido.”
• “Sou a que segura tudo sozinha.”
• “Sou o ansioso, o traumatizado, o que aguenta tudo.”
Essa narrativa emocional molda a autoestima, as relações e o senso de valor pessoal. Abandonar essa narrativa pode parecer como não ter mais um lugar no mundo.
A psicoterapia propõe: Ressignificar sem perder-se
A cura verdadeira não é apagar o passado.
É dar um novo lugar ao sofrimento dentro de si, sem que ele precise ser o centro da identidade.
A psicoterapia ajuda a:
• Identificar os ganhos secundários inconscientes.
• Elaborar o medo da mudança.
• Construir um novo eu, livre de dor como definidora de valor.
• Desenvolver uma autoestima baseada em presença e não em sobrevivência.
Proposta de Prática: Quem sou eu sem essa dor?
Responda, por escrito:
• Quem eu me tornei por causa dessa dor?
• O que essa dor me impede de viver?
• O que temo perder se deixar essa dor partir?
• Quem serei eu sem isso?
• Que liberdade emocional me assusta?
Esse exercício ajuda a trazer à consciência o apego afetivo à dor — e abre caminho para superá-la com compaixão.
Liberdade também é responsabilidade
Libertar-se do sofrimento exige mais do que força: Exige coragem para habitar um eu desconhecido.
Nem sempre estamos prontos — e tudo bem.
Mas lembrar que a dor não precisa ser identidade é o primeiro passo para curar, sem mais precisar sofrer para ser visto.
Perguntas Frequentes sobre Psicologia do Apego ao Sofrimento
1. Por que é tão difícil abandonar o sofrimento emocional?
Porque, muitas vezes, ele se torna parte da identidade. A dor se torna uma referência de valor, pertencimento e sentido. Abandoná-la pode parecer como perder a si mesmo.
2. O que é ganho secundário do sofrimento?
São benefícios inconscientes que a pessoa obtém por manter a dor, como atenção, proteção, justificativa para evitar riscos ou manter vínculos emocionais com o passado.
3. Como saber se estou me sabotando emocionalmente?
Sinais incluem desistência de processos terapêuticos no auge da melhora, sensação de culpa ao se sentir bem, medo de se curar e autoboicotes quando as coisas estão indo bem.
4. O sofrimento pode ser uma identidade?
Sim. Quando uma pessoa vive longamente sob dor ou trauma, isso pode moldar sua personalidade. A psicoterapia trabalha para resgatar o eu que existe para além dessa dor.
5. Como a psicoterapia ajuda a se libertar do apego ao sofrimento?
Ela auxilia na compreensão das raízes emocionais do apego ao sofrimento, ressignifica o passado sem apagá-lo, e oferece ferramentas para construir uma identidade mais livre e autêntica.
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DR. OSVALDO MARCHESI JUNIOR
Psicólogo em São Paulo - CRP - 06/186.890
Atendimentos Psicológicos On-line e Presenciais para pacientes no Brasil e no exterior.
Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) e Hipnoterapia.
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