Ao longo dos anos, o DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico de Saúde Mental) e o CID (Classificação Internacional de Doenças) vêm se desenvolvendo de modo independente um do outro, mas sobretudo, nas últimas décadas houve um movimento de convergência, principalmente, nos transtornos mentais, como a depressão.
De modo geral, pessoas deprimidas apresentam um padrão de sentirem-se fracassadas e sem esperança, frequentemente, considerando-se responsáveis ou culpadas por isso.
Em alguns casos, existe ainda um grau elevado de autoculpa e recriminação, associados a pensamentos como: achar que seria melhor estar morto ou que o mundo seria melhor sem a sua existência, manifestando desejos de fuga ou de morte.
Atualmente, entretanto, os sintomas clínicos da depressão de acordo com o Manual Diagnóstico de Saúde Mental são:
- Humor triste ou irritado.
- Diminuição no interesse em atividades usualmente prazerosas.
- Mudanças no apetite ou no peso.
- Distúrbios do sono.
- Mudança nas atividades (acelerando ou indo devagar demais) - agitação psicomotora ou retardo psicomotor.
- Fadiga ou perda de energia.
- Culpabilidade ou autorresponsabilização.
- Diminuição da capacidade de concentração e de tomada de decisões.
- Pensamentos ou planejamentos sobre suicídio ou morte.
Para o diagnóstico de um quadro de depressão, contudo, precisam estar presentes pelo menos 5 destes 9 sintomas, por pelo menos 2 semanas.
Então, se pararmos para pensar nas possíveis combinações e permutações destes sintomas, ao fecharmos o diagnóstico de depressão clínica, acabamos com um número muito grande de possíveis variações.
Assim, por exemplo, uma pessoa pode ter os cinco primeiros critérios por apenas duas semanas, enquanto que outra pode ter todos os outros nove sintomas por um ano e, ambas, apesar da gravidade e do fator tempo, entretanto, terão o mesmo diagnóstico.
Nesta perspectiva diagnóstica, então, sabemos apenas os sintomas mas isso não diz muito sobre outras questões como: a gravidade, a cronicidade ou a quanto tempo a depressão vem ocorrendo.
Deste modo, por exemplo, se a pessoa com depressão apresenta distúrbios de sono, a intervenção psicológica precisa ser individualizada e focada nesta questão, enquanto que caso esta mesma pessoa não manifeste este sintoma, o seu consequente tratamento torna-se irrelevante.
Portanto, terapeuticamente falando é necessário dosar e corrigir a intervenção considerando os problemas particulares e específicos de cada indivíduo.
A desesperança, neste contexto, é o principal fator psicológico que está por trás do risco de suicídio. Quando alguém perde a esperança com relação ao futuro é neste ponto, sobretudo, que o risco de suicídio aparece.
Na realidade, entretanto, entre as desordens mentais, a maior taxa de suicídio não acontece na depressão, mas sim em transtornos psicóticos, podendo assim, a ideação suicida ser mais uma consequência da depressão do que efetivamente um sintoma.
O sistema diagnóstico atual possui, ainda, duas exclusões muito bem definidas: sintomas relacionados ao uso de álcool ou outras substâncias e sintomas relacionados a uma condição médica específica.
Por exemplo, em nosso cotidiano, o uso de álcool é onipresente, sendo consumido por muitas pessoas. Segundo Keith Dobson, um indivíduo mais agitado, perturbado e com uma mente inquieta pode começar, deste modo, a usar o álcool como uma forma de se automedicar ou de controlar o seus sintomas.
Portanto se a pessoa apresentar sintomas de depressão, mas usa álcool excessivamente, para um diagnóstico adequado é preciso garantir que esses sintomas não são causados ou agravados pelo álcool.
O outro critério de exclusão refere-se ao fato de que muitas pessoas, ao redor do mundo, utilizam medicamentos controlados e alguns destes fármacos podem simular sintomas depressivos. Se pensarmos, por exemplo, em uma pessoa que está ansiosa ou agitada, ela pode tomar algum sedativo que, em última instância, pode fazer com que ela pareça mais deprimida ou triste, com dificuldades para se levantar e parecendo mais letárgica.
Algumas pessoas podem ter ainda, distúrbios de sono relacionados como parte da depressão, mas acabam tomando medicamentos para a indução do sono, tornando-as consequentemente mais cansadas. Assim sendo, os próprios medicamentos podem fazer com que alguns dos sintomas pareçam serem piores do que realmente são.
Na psicologia clínica, o terapeuta deve ser capaz de realizar o diagnóstico de depressão mesmo com a interferência do álcool ou de outras substâncias nos sintomas depressivos.
Outro critério de exclusão, igualmente, são as condições médicas, com uma grande variedade delas, que podem simular ou, até mesmo, piorar os sinais e sintomas da depressão maior. Uma condição médica bem comum em termos critério de exclusão é o hipotireoidismo. Quando um indivíduo apresenta sinais ou sintomas de depressão, uma avaliação médica é recomendada para termos certeza de que o funcionamento da tireoide esteja normal.
Outros tipos de condições que podem parecer com depressão são, por exemplo, infecções crônicas, encefalite ou até mesmo um tumor. Deste modo, é extremamente válido quando alguém apresente sinais e sintomas diagnosticáveis de depressão, obter uma avaliação médica como parte da avaliação geral.
Assim sendo, além dos sinais e sintomas é preciso, também, considerar estes critérios de exclusão.
Outro aspecto importante é que é bastante incomum que a depressão se apresente sozinha, sendo muito mais comum a presença de problemas concomitantes ou comorbidades diagnósticas. Não apenas um, mas dois ou mais transtornos mentais juntos. Os problemas mais comuns estão relacionados ao desempenho que, às vezes, podem aparecer na escola ou no trabalho.
O retraimento social, igualmente, é muito típico em pessoas com depressão que acabam se afastando e evitando interações sociais, sendo este um potencial fator de risco como indicador da depressão.
De modo geral, quando notamos mudanças drásticas no comportamento habitual de um indivíduo, muitas vezes não é incomum ver a depressão como parte desta característica.
O uso de álcool e drogas, também, surge neste contexto como potenciais concomitantes, ou precursores em alguns casos de depressão e, igualmente, os transtornos de ansiedade. Estima-se que 50% das pessoas que atendem os critérios da depressão clínica, possuem ou possuíram o diagnóstico de ansiedade prévio. A ansiedade, então, é um problema muito comum com a depressão.
Muitas das pessoas que se sentem ansiosas ou estressadas demonstram a tendência de fugir ou evitar, devido ao sentimento de incapacidade de lidar com determinada situação, o que pode se tornar, sobretudo, um fator de risco para a depressão. Contudo, na ansiedade, o padrão mais comum é a preocupação excessiva com o futuro e com as coisas que irão acontecer e na depressão, o mais trivial são pensamentos negativos com relação ao passado.
Assim, por exemplo, uma pessoa ansiosa pode ter medo do seu futuro desempenho no trabalho, experimentando no presente alguma situação de fracasso e, consequentemente, começando a ruminar ou focar nesse fracasso percebido em uma circunstância do passado.
No auge de um episódio depressivo é necessário uma intervenção mais intensa em um menor período de tempo, justamente, para que o indivíduo saia da depressão o mais rápido possível. Aqueles, contudo, que já estejam se sentindo melhor podem necessitar de terapias menos intensas, mas pode ser necessário, entretanto, um acompanhamento um pouco mais longo.
A depressão também é mensurável através de critérios de severidade, podendo ser: leve, moderada ou severa.
A depressão costuma ser crônica. Estima-se que o episódio médio de depressão dure cerca de oito meses e que os primeiros episódios possuam a tendência de serem mais curtos.
Outro fator a ser considerado no aspecto da cronicidade é que muitas pessoas deprimidas, infelizmente, apresentam recaídas ou recorrências. Aproximadamente metade delas, de fato, poderão ter uma recaída no intervalo de até um ano.
Algumas outras informações sobre o diagnóstico de depressão:
- 20% dos casos são diagnosticados no início da fase adulta, aos 25 anos de idade.
- 50 % dos casos são diagnosticados por volta dos 39 anos de idade, mas também podem ocorrer em qualquer faixa etária.
DR. OSVALDO MARCHESI JUNIOR
Psicólogo em São Paulo - CRP - 06/186.890
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