O impacto do diagnóstico: Quando a vida muda em um segundo
Foi numa tarde de terça-feira que A., 43 anos, recebeu o diagnóstico: câncer de mama. Ao lado do marido, ela tentava assimilar aquelas palavras que pareciam ecoar em câmera lenta. “Como assim câncer? Logo comigo?” — pensava ela, enquanto sentimentos de medo, negação e ansiedade a invadiam.
Esse tipo de reação não é incomum. A notícia de um câncer costuma chegar como um choque, carregada de incertezas, tristeza e, muitas vezes, um sentimento de perda de controle. Para muitos pacientes, o diagnóstico traz à tona o medo da dor, da morte, do tratamento, da transformação do corpo e até da rejeição.
Tipos de câncer: Entendendo a doença
Existem diferentes tipos de câncer, classificados de acordo com o tecido ou órgão afetado:
• Carcinomas: atingem tecidos de superfície como mama, pulmão e cólon.
• Sarcomas: acometem ossos e tecidos moles.
• Leucemias e linfomas: afetam a medula óssea e o sistema linfático.
Cada tipo tem tratamentos e impactos diferentes, tanto físicos quanto emocionais. Além disso, a gravidade da doença, sua extensão (metástase), e possíveis sequelas físicas (como a perda de um seio ou um membro) influenciam fortemente o ajuste emocional do paciente.
Por que o câncer aparece? Fatores de risco que você precisa conhecer
Ainda que nem sempre seja possível identificar a causa exata de um câncer, sabemos que ele pode ser provocado por uma combinação de fatores:
• Genéticos: como mutações hereditárias que aumentam o risco de câncer de ovário ou intestino.
• Ambientais e comportamentais: como o tabagismo, exposição ao sol sem proteção, alimentação rica em gorduras e estresse.
• Infecciosos: como certos vírus que aumentam a probabilidade de alguns tipos de câncer.
Esses fatores muitas vezes interagem entre si, aumentando a vulnerabilidade de uma pessoa ao desenvolvimento da doença.
Tratamentos e efeitos colaterais: O caminho até a cura
O tratamento do câncer pode incluir:
• Cirurgias: que, dependendo da gravidade, podem levar à perda de órgãos ou membros.
• Quimioterapia: associada a efeitos como náuseas, fadiga, queda de cabelo e supressão da imunidade.
• Radioterapia: que pode provocar lesões na pele ou em órgãos vizinhos.
• Imunoterapia: que ativa o sistema imunológico para combater o tumor.
A boa notícia é que existem medicamentos e abordagens complementares que ajudam a reduzir os efeitos colaterais e melhoram a qualidade de vida do paciente durante o tratamento.
As emoções no processo de enfrentamento do câncer
Assim como A., a maioria dos pacientes com câncer passa por uma montanha-russa emocional. Os sentimentos mais comuns incluem:
• Medo e ansiedade sobre o futuro e a eficácia dos tratamentos.
• Raiva e sensação de injustiça.
• Tristeza profunda e depressão.
• Dificuldade de adaptação, especialmente quando há limitações físicas ou mudanças corporais visíveis.
Essas emoções podem impactar a rotina, o trabalho e os relacionamentos. No caso de A. e de seu marido, foi preciso reconstruir a dinâmica do casal, aprender a comunicar medos e necessidades, e buscar apoio externo para lidar com o que viria pela frente.
Coping: O que é e como melhorar a capacidade de enfrentamento do câncer?
“Coping” é o termo usado na psicologia para se referir às estratégias de enfrentamento que o indivíduo usa para lidar com situações difíceis. No caso do câncer, isso pode incluir:
• Tomada de decisões informadas sobre o tratamento.
• Buscar propósito de vida — como cuidar dos filhos ou realizar um projeto pessoal.
• Redefinir autoestima e identidade, aceitando limitações e focando em capacidades preservadas.
• Apoio social: família, amigos e grupos de suporte são pilares fundamentais.
O suporte emocional que A. recebeu de seu marido, e o fato de ambos participarem de um grupo de apoio para casais afetados pelo câncer, foi determinante para a resiliência que demonstraram.
Terapias que auxiliam na jornada contra o câncer
O acompanhamento psicológico é essencial para a saúde mental e o bem-estar do paciente oncológico. Entre as abordagens mais eficazes, estão:
1. Psicoeducação (Psico-Oncologia)
Ensina o paciente sobre a doença, os tratamentos e o funcionamento do sistema de saúde. Isso ajuda a reduzir a ansiedade e aumentar o senso de controle.
2. Terapia Comportamental
Foca na redução de sintomas como náuseas, ansiedade e tensão por meio de técnicas como relaxamento muscular e biofeedback. Também auxilia em questões como disfunção sexual e adesão ao tratamento.
3. Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC)
Ajuda o paciente a identificar e substituir pensamentos negativos e catastróficos por crenças mais realistas e adaptativas. É muito útil para lidar com o medo da morte, perda de controle e imagem corporal.
4. Grupos de Apoio
Oferecem senso de pertencimento, troca de experiências e modelos positivos de enfrentamento. Estão disponíveis em hospitais, ONGs e instituições de saúde mental.
O câncer não define quem você é
O câncer pode ser uma das experiências mais desafiadoras da vida, mas não precisa definir quem você é. Com tratamento adequado, suporte emocional e estratégias de enfrentamento saudáveis, é possível preservar a dignidade, a autoestima e o sentido da vida — mesmo em meio ao caos.
Assim como A. e seu marido, muitos casais descobrem uma nova forma de amar, apoiar e viver. Se você, ou alguém próximo, está enfrentando o câncer, saiba: você não está sozinho. E há profissionais preparados para caminhar ao seu lado.
DR. OSVALDO MARCHESI JUNIOR
Psicólogo em São Paulo - CRP - 06/186.890
Atendimentos Psicológicos On-line e Presenciais para pacientes no Brasil e no exterior.
Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) e Hipnoterapia.
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